Exposição “Das entranhas do mar e da terra, profundos desconhecidos”

Screen Shot 2016-06-06 at 10.18.48 copyMostra de macroalgas e fauna cavernícola em ilustração científica abre hoje portas ao público na Biblioteca

Inaugura-se esta segunda-feira, 6 de junho, às 17h00, na Sala de Exposições Hélène de Beauvoir, na Biblioteca da UA, uma mostra de macroalgas e fauna cavernícola em ilustração científica, da responsabilidade de Fernando Correia e Diana Neves. A exposição “Das entranhas do mar e da terra, profundos desconhecidos” pode ser visitada até 15 de julho, de segunda a sexta-feira, entre as 09h00 e as 20h00 e aos sábados, das 09h00 às 18h00. Esta mostra está integrada nas comemorações dos 40 anos de existência do Departamento de Biologia da UA.

A profundidade, seja na intrigante coluna de água marinha, seja no seio de uma gruta naturalmente formada por entre o rendilhado litológico, esconde verdadeiros tesouros de vida presente, exaltados pela biodiversidade contemporânea que se exibe em cada um dos seus recantos. Entrar nessas ainda pouco conhecidas dimensões é o abrir de portais para uma outra realidade e outros mundos — que o Homem tem vindo sucessivamente a explorar e desvendar, recorrendo ás ferramentas que a ciência coloca ao seu dispor.

É no seio das profundezas que se encontram os mais delicados, sensíveis e desconhecidos ecossistemas à face do nosso planeta. Nestes domínios, no acompanhar do aumento da profundidade, impera a escuridão, serena e perene, cujas particulares condições favoreceram a evolução, ao longo de milhões de anos, para novas e exclusivas formas de vida. Desenganem-se, pois, aqueles que acreditam que debaixo de terra ou nas profundidades marinhas a Vida acabou…

Nos mares distinguem-se os prados e micro-bosquetes de vegetais tão peculiares que dão por nome de macroalgas verdes, castanhas e vermelhas. São organismos dependentes da luz, a qual timidamente penetra a coluna de água, e que se distribuem em estrato rochosos até profundidades consideráveis… Com ciclos e estratégias de vida interessantíssimos, ganharam hoje importância redobrada pelo uso que o Homem lhes dá para alimentar a industria da cosmética, da saúde e bem-estar e até alimentar — quem desconfiaria que comendo um gelado ou um queijo estaria a ingerir componentes essênciais extraídos destas plantas marinhas?

Por outro lado, povoadas por inúmeras lendas e mitos, as grutas são redomas temporais que conservam importantes registos para a construção da nossa identidade, enquanto seres humanos (pois aqui se abrigaram nos princípios da humanidade e aqui nos deixaram vestígios pré-históricos para memória futura da sua presença). Mas talvez ainda mais interessante é o facto de albergarem estranhas formas de vida que permitem reinterpretar a história da vida na terra e das reais fronteiras até onde a vida se estende.

Esta exposição tem como missão levantar um pouco do véu e trazer alguma luz — a do conhecimento — sobre estas outras obscuras e desconhecidas realidades patentes nas entranhas do mar e da terra, onde vivem alguns profundos e desconhecidos seres e outros já nem tanto.

Têm ainda em comum, para além da estranheza das formas orgânicas assim retratadas, o se centrarem em ilustração científica, ou seja, em representações descritivas honestas e fidedignas que figuram com exatidão e correção científica as espécies assim sistematizadas. Sendo uma exposição de imagens desenhadas por vários ilustradores que estudaram e aprenderam ilustração científica no Departamento de Biologia (dbio) da Universidade de Aveiro (frequência do Curso de Formação em Ilustração Científica e/ou de estágios no Laboratório de Ilustração Científica/LIC-dbio, sob orientação de Fernando Correia), têm como denominador comum a edição de dois livros, para os quais foram propositadamente realizadas. O primeiro, já editado em 2015 e vencedor do prémio científico Prémio do Mar 2012, da autoria de Leonel Pereira e Fernando Correia, dá pelo nome de “Macroalgas Marinhas da Costa Portuguesa – biodiversidade, ecologia e aplicações”. O segundo, a ver a luz do dia durante a vigência desta exposição, dá pelo nome de “Sesimbra, por fora e por dentro — as grutas, a fauna cavernícola e sua ecologia”, da autoria de Ana Sofia Reboleira e Fernando Correia, sendo integrada na Coleção Biologicando, editada pelas Edições Afrontamento em colaboração com o dbio.

Esta mostra, tal como o lançamento do livro sobre a fauna cavernícola, estão integradas nas comemorações dos 40 anos de existência do Departamento de Biologia da UA, pelo que será ainda prestigiada com duas sessões dedicadas à apresentação de cada uma destas duas obras, a anunciar brevemente e que contará com a presença dos respetivos autores e convidados.