Ignorância e atrevimento(s)?

São variadas as situações recentes e contextos onde o pensamento crítico não tem estado ou manifestado a sua presença!

Um deles é sobre a formação de professores e a “descoberta” de que estão em falta já em várias disciplinas de escolas, nomeadamente de grande centros urbanos; e que a situação irá agravar-se nos próximos anos (ver por exemplo notícia em: https://www.publico.pt/2022/03/28/sociedade/noticia/100-mil-alunos-estarao-menos-professor-ja-proximo-ano-preve-directora-pordata-2000423 ou em https://www.ffms.pt/blog/artigo/578/quantos-alunos-estarao-sem-aulas-daqui-a-1-ano). Ora, esta próxima “pandemia”, como lhe chamam vários “peritos”, tem estado a ser discutida em vários fóruns, encontros, programas televisivos, como diversos comentadores, incluindo ex-responsáveis pela situação que hoje se verifica em Portugal. O mais impressionante é que em nenhum dos que assisti ou li esta problemática contou com a participação de algum dos investigadores e formadores que em Portugal produz e publica investigação sobre formação de Professores.

É como se, no caso da pandemia COVID-19 que ainda vivemos, os debates fossem realizados com outros que não os especialistas nas áreas médica e afins em causa. Onde estaríamos agora? Provavelmente sem vacinas e com uma situação difícil de imaginar…

A ignorância tem sido muito gritante e latente, pois desde as linguagens, no mínimo desadequadas, até à realidade do que é e poderá ser a formação de professores, no caso a denominada inicial, vai um longa distância! E claro esta complexa situação tem de ser apreciada no seu todo e no contexto social e económico do país, e as medidas para a combater terão de ser fundamentadas e não ser apresentadas como paliativas, como as que estão já a ser implementadas, de que é exemplo a de contratar “quem aparece e se disponibiliza” independentemente da sua formação, nomeadamente didático-pedagógica!

Em próximos artigos traremos outras questões e temas de educação sobre as quais importa começar a pensar criticamente! Até lá vamos já começar a valorizar os professores que temos no ativo e os que estamos a formar para que o nosso futuro coletivo seja, de facto, mais esperançoso e com melhor qualidade de vida para todos.

“Cretinos digitais”?

A comunicação social divulgou, em vários meios, nas últimos dias, os resultados do livro de Michel Desmurget A Fábrica de Cretinos Digitais. O resultado mais mediático foi que o impacte dos ecrãs no cérebro humano (desde que se nasce até ao estado adulto) tem sido estudado nos últimos anos e comparado. E avança-se que a demasiada exposição aos ecrãs pode ter consequências nefastas, explicitando com dados muito diversos, que a denominada geração dos “nativos digitais” é a primeira que tem um QI inferior aos seus pais. Várias notícias podem ser vistas em diferentes meios e plataformas, como a BBC e o jornal Público.

Neste último surge o sugestivo título que se recomenda, desde já, para ser repensado: ““O tempo de ecrã de crianças até aos seis anos devia ser nenhum. Zero”. E, além de outras conclusões e implicações, destaca-se que importa depois dos 6 anos, no ensino básico e secundário, repensar a utilização educativa destas tecnologias digitais (vídeos, sites, aplicações, software educativo, redes sociais, comunidades de prática e de aprendizagem, …)!

https://br.pinterest.com/pin/600034350349065202/

Novo livro sobre Pensamento Crítico

Em conjunto com colegas do Brasil e de Portugal foi organizado mais um livro com o título:

PENSAMENTO CRÍTICO NA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS:

Percursos, perspectivas e propostas de países Ibero-americanos

Este livro inclui um prólogo e sete capítulos de investigadores ibero-americanos neste campo, como se mostra em seguida do seu índice:

Em breve será feito o seu lançamento formal, pelo que deixamos aqui a sua capa e o lnk da editora de Física do Brasil: https://www.livrariadafisica.com.br/detalhe_produto.aspx?id=150043&titulo=Pensamento+cr%C3%ADtico+na+educa%C3%A7%C3%A3o+em+ci%C3%AAncias

Pensamento da semana, 15jun2021

“[…] a política do início do século XXI está desprovida de planos grandiosos. Governar não é mais do que administrar. Os governos gerem países, mas já não os lideram. Asseguram que os professores recebem a tempo e horas e que os sistemas de escoamento de águas não entopem, mas não fazem a mínima ideia onde é que o país estará daqui a 20 anos” (Harari, 2016, p. 420-421).

do Livro: Homo Deus – Breve História do amanhã.

Pensamento da semana e Revista

Começa aqui um conjunto de pensamentos curtos em função do momento de pandemia que vivemos (em Portugal em decréscimo na 3ª vaga, devido ao confinamento desde a 3ª semana de janeiro deste ano). Além disso, divulgo um número de uma revista que ajudei a editar sobre o Pensamento Crítico na Educação.

Comecemos por esta segunda que é a revista Poiésis e o seu dossiê, Pensamento crítico na Educação: Estado de Arte e desafios.

O pensamento para esta semana tem a ver com a realidade atual em vários meios de comunicação social: Muitos comentadores sobre vários assuntos e com posições muito genéricas e pouco informadas, particularmente sobre educação. Raramente algum destes tem formação e investigação neste campo. E é confrangedor o espaço público continuado de que dispõem, por serem de partidos políticos ou influência e contactos privilegiados, sem o mínimo de conhecimento e fundamento sobre as questões atuais da educação, quer seja sobre a formação de professores, o seu desenvolvimento profissional, o E@D, ou ensino remoto de emergência que se vive em muitos países e nos vários níveis de ensino, os processos de ensino e as aprendizagens dos alunos … É quase como pedir a uma pessoa de qualquer profissão, que não especialista na área, que clarifique questões científicas e tecnológicas sobre o coronavírus e a decidir sobre a pandemia!

Documentário e Debate

Venho sugerir a visualização de dois programas. São atuais e sobre os quais vale a pena pensar e, se adequado, usar em contextos de formação.

Um o documentário «Nós, portugueses: Um Futuro por Desenhar», que é uma co-produção da Fundação Francisco Manuel dos Santos com a RTP e que pode ser visto em: https://www.ffms.pt/play.

O outro o debate de ontem do programa “É ou NÃO É?” da RTP, sobre “comunicar em pandemia” e emitido ontem, que já está disponível em: https://www.rtp.pt/play/p8396/e522038/e-ou-nao-e-o-grande-debate.

Balanço(s)

Em jeito de balanço de 2020, quase todo dominado pela pandemia, aqui se colocam e destacam alguns momentos, frases e produções:

Novo Livro e seu lançamento

Tal como está no site do CIDTFF (https://blogs.ua.pt/cidtff/?p=33946) vem divulgar-se um novo livro “Pensamento crítico em Universidades Ibero-americanas: Percursos educativos e perspetivas de formação, organizada por Silvia F. Rivas, Carlos Saiz & Rui M. Vieira. O seu lançamento realizar-se-á no dia 13 de janeiro de 2021, pelas 17h00, em uma sessão de de formato online, via Zoom. O programa detalhado e o link de acesso serão divulgados mais adiante.

A obra é constituída por cinco capítulos, um dos quais sobre a realidade Portuguesa, e constitui um dos produtos da bolsa de mobilidade da Fundación Carolina que me foi atribuída.

Cidadania? Educação para a cidadania?

O debate em torno da educação para a cidadania que a área/disciplina obrigatória (no ensino básico) de “Cidadania e Desenvolvimento” provocou nos últimos meses e, particularmente nas últimas semanas, em Portugal, tem sido interessante e revelador do quanto precisamos de discutir o que é a educação, a que pretendemos que seja e a que tem sido após o 25 de abril de 74.

Só nos últimos dias surgiram três artigos no Jornal Público e que aqui partilho (no que está disponível para não assinantes) dadas as diferentes posições e perspetivas:

– Isabel Menezes, Presidente da SPCE e Professor Universitária – https://www.publico.pt/2020/09/12/opiniao/opiniao/lugar-central-escola-educacao-cidada-1931323

– António Barreto, Sociólogo – https://www.publico.pt/2020/09/13/opiniao/opiniao/questao-educacao-1931298

– Santana Castilho, Professor do Ensino Superior – https://www.publico.pt/2020/09/16/opiniao/opiniao/tribalismo-cidadania-1931631 ou https://www.facebook.com/santana.castilho.94

Além destes existem muitos outros documentos que podem ajudar neste debate, como as posições do Conselho Nacional de Educação (https://www.cnedu.pt/pt/noticias/cne/1586-posicoes-do-cne-em-materia-de-educacao-para-a-cidadania) e o todos os documentos da “Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania” que estão em: https://www.dge.mec.pt/educacao-para-a-cidadania/documentos-de-referencia . A este nível, pode-se e deve-se debater e discutir, por exemplo, os temas propostos para esta área no ensino básico e secundário (talvez onde tenham começado as divergências, nomeadamente com os “alunos de Famalicão” que não frequentaram estas aulas e não foram depois avaliados; ver síntese por exemplo em: https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/caso-dos-alunos-de-famalicao-e-disciplina-de-cidadania-escola-nao-lhes-atribuiu-notas). E que há autonomia das escolas, também nesta área, para algumas opções!

Acrescento, em linha com alguma da argumentação usada, que temos a Constituição da República Portuguesa e a LBSE (Lei nº 46/86) que orientam e fundamentam as opções nesta e em outras questões educativas. Além disso partilha-se, ainda mais no contexto deste espaço, algumas outras posições que têm sido avançadas, como a deste vídeo na TVI: “DISCIPLINA DE CIDADANIA É FUNDAMENTAL PARA “DESENVOLVER O PENSAMENTO CRÍTICO DOS JOVENS”, acessível em: https://tvi24.iol.pt/videos/sociedade/disciplina-de-cidadania-e-fundamental-para-desenvolver-o-pensamento-critico-dos-jovens/5f5d0a080cf225c2355d606b .

Bom ano letivo para todos e saúde.

Pandemia(s) e peso do vazio

Vivemos uma pandemia (COVID-19) que continua a fazer vítimas e a afetar e a condicionar a vida da maioria das pessoas de todo o planeta. Esperemos que rapidamente se obtenha uma cura, embora tal pareça ser muito difícil ainda este ano de 2020, e muito menos para todos.

Esta incrementou e proporcionou a tomada de consciência de outras “pandemias”. Uma delas é a da desinformação (vulgo Fakenews) e seus derivados, como as notícias falsas e a má informação. Outra é o crescimentos das conferências, encontros e afins online e webinares. De facto alguns congressos e conferências, como a que estou envolvido, que se realizará em Valência – VII SIA-CTS, tiveram de ser adiados e/ou passar a online em função da situação pandémica que se vivencia. Outros eventos surgiram neste período e crescem devido à facilidade da sua organização e baixo custo (ou mesmo ausência de custos).

Participei em alguns destes últimos, como aqui dei conta, e depois, dado o elevado número de convites, tive de ir recusando e adiando outros. Assisti voluntariamente a outros, para enriquecimento e salutar troca de argumentos e referenciais.

Desta participação e formação resultou um conjunto de aprendizagens, boas experiências e partilhas, especialmente com algumas Universidades Brasileiras. De outros resultou um vazio e um conjunto de opiniões e banalidades!

E deixo as palavras de Mia Couto (2019), que sugiro como leitura de Verão, sobre o “peso do vazio” que escreve em o “Universo num grão de areia”:

“O ato de pensar foi dispensado pelo uso mecânico de uma linguagem de moda. Já falei do workshopês como uma espécie de idioma que preenche e legitima a proliferação de seminários, workshops e conferências, que pululam de forma improdutiva pelo mundo inteiro” (p. 165).

Destaques da semana

Em um final de ano letivo atípico e sem aulas presenciais desde março, em praticamente todos os sistemas de ensino em Portugal, com exceção dos alunos que vão a exame (11º e 12º anos), os destaques da semana são para:

  • Agradecer aos professores que fizeram um esforço por fazer um E@D com a qualidade possível (pelo vistos alguns foi mais Ensino Remoto de Emergência – ERE) e procurando acompanhar todos os seus alunos, mesmo os que não tinham recursos digitais.
  • Reconhecer e enaltecer os professores e investigadores em educação que foram participando em debates e partilhas de experiências e boas práticas neste contexto. Lamenta-se é que muitos outros comentadores e políticos apareçam em debates públicos sem que se perceba a relevância e contributos na área da educação; é quase como colocar outros, que não médicos, a discutir e a decidir sobre esta pandemia!
  • Divulgar e “parabenizar” as três Universidades Brasileiras que nos convidaram e pelas excelentes perguntas que fizeram no final da conferência sobre “O pensamento crítico no combate à pandemia da desinformação” (https://www.youtube.com/watch?v=j4kCcx-5vr0).

Competência(s) e Profissionalidade Docente

Assistimos nos últimos dois meses, um pouco por todo o mundo, a uma mudança abrupta nos modos de viver e trabalhar fruto da COVID-19. Na educação e em Portugal foram tonadas decisões políticas, como a de este ano letivo não se retomar a escola, exceto nos anos terminais do Ensino Secundário e Profissional, bem como nos Infantários e Ensino Pré-escolar.

Neste quadro foram dadas orientações e feitos roteiros pelo Ministério da Educação, já aqui abordados em artigos anteriores (ver abaixo) para um E@D e/ou com implementação da tele-escola. Muito há a dizer sobre as opções e a realidade quanto a competências, incluindo profissionais e de recursos ao dispor para tais desafios, ainda mais com a heterogeneidade e diversidade de alunos e contextos sócio-económicos e culturais que evidenciamos.

Uma parte do que penso e defendo pode ser encontrado em: https://www.facebook.com/JornaldoCentro/videos/2493818574282091/UzpfSTYxNzYwNjgzNTAwMjc3ODoyODcxMzM0MTA5NjMwMDI4/?q=jornal%20do%20centro&epa=SERP_TAB

Além deste e particularmente do que tem sido visível, especialmente na tele-escola da RTP Memória e seu site, mais que juízos de valor, deixo algumas questões:

  • Está a o “Perfil dos Alunos à saída da Escolaridade Obrigatória” (ME, 2017) a orientar estas práticas educativas? Como? Seria bom ter a partilha de boas práticas a este nível e com indicação explícita de quais competências foram integradas.
  • Estão a ser seguidas as “Aprendizagens Essenciais” de cada disciplina ou área? Por exemplo, porquê a sequência de conteúdos / temas ou tópicos que está a ser seguida em algumas disciplinas (sendo que a gestão de dois anos letivos juntos deveria ter uma/alguma lógica concetual) na tele-escola?
  • Como está a correr a avaliação das aprendizagens dos alunos, sabendo que na maioria dos casos não há garantias que os trabalhos e propostas sejam só realizados pelos estudantes? …

Bom, vamos ver como corre este final de ano e o que está a ser pensado para o próximo. Neste momento, dadas as características das salas de aula no nosso país, seria bom já ser pensadas, a serem aulas presenciais, que sejam com turmas mais pequenas, que deve ser em torno de 15 estudantes, como parece que vai acontecer em Espanha (ver notícia no El País) ou em França (também notícia do Le Monde). Especialmente no Ensino Básico esta medida é crucial, até para evitar um 2º surto ou situação de risco a partir de setembro ou outubro, entre alunos e com os professores e restante comunidade educativa.

São necessárias orientações e apoio efetivo profissional aos professores para se evitar o que começa a ser relatado, como se pode ver nesta notícia do DN e nesta sobre os efeitos psicológicos das vídeo-conferências. Reitera-se que sem competentes, motivados, reconhecidos e valorizados professores não são possíveis mudanças de qualidade na educação, como a que se espera deste tele-trabalho a que estamos “confinados”.

Termino com as palavras de E. Morin (também no DN) , o qual espera que esta crise possa:

“revelar como a ciência é uma coisa mais complexa do que se quer crer. É uma realidade humana que, como a democracia, assenta sobre os debates de ideias, embora os seus modos de verificação sejam mais rigorosos.”

Adiamento do VII SIA-CTS

Em face da situação que se vive neste momento de pandemia a comissão organizadora do VII Seminário Ibero-americano CTS, que se realizará em Valência, decidiu adiar a sua realização de junho para novembro de 2020, como se poderá ver no site institucional: https://congresos.adeituv.es/cts2020/ficha.xx.html

Em consequência haverá alteração de datas, como os artigos completos poderem ser entregues até 17 de maio de 2020.

E@D (em situação de confinamento)

No final das duas semanas sem atividades letivas presenciais no ensino básico e secundário em Portugal, devido à COVID-19 e ao “estado de emergência”, o Ministério da Educação (ME) produziu e divulgou o roteiro com os “8 Princípios Orientadores para a Implementação do Ensino a Distância (E@D) nas Escolas”. Depois de uma apreciação ponderada e no contexto da situação excecional que todos vivemos, no âmbito deste espaço digital, destaco:

  • A demora em produzir orientações, as quais deveriam ter sido acauteladas nos primeiros dias sem escola, mesmo que mais sintéticas; pelo que, pese embora alguma descoordenação em alguns casos por excesso de zelo, os professores assumiram, uma vez mais e de modo profissional (se não haveria o movimento das forças de bloqueio à Educação, que os fazedores de opinião tinham feito questão de ampliar) a tomada de decisão para a melhor forma de gerir as duas semanas finais do 2.º período, procurando chegar a todos os alunos, dentro do que estava ao seu alcance. Todos precisavam pois de orientações! Mas as que chegaram podem considerar-se ainda algo vagas, como as que a seguir se transcrevem: “Um plano de E@D poderá conter as seguintes etapas: Modelo de ensino a distância”; “Para apoiarem os docentes, os coordenadores devem demonstrar confiança no seu trabalho em curso, bem como transmitir tranquilidade e disponibilidade para esclarecimentos”; “Promover a interajuda entre professores”; e “5.1. As metodologias de ensino desenvolvidas no E@D devem ser apelativas e mobilizadoras dos alunos para a ação”. Outros também pensam desta forma, como de pode ler nesta notícia do jornal Público.
  • Existem outros aspetos apontados a este roteiro que se podem considerar menos positivos; um deles é não considerar assimetrias e desiguais acessos a redes digitais e respetivo(s) equipamento(s), como tem sido destacado, incluindo na comunicação social, como por exemplo no artigo com o título: Ministério não acautela alunos sem Internet no seu novo Plano de Ensino à Distância. Claro que se está a pensar em outros meios para colmatar tal, como o do uso da televisão. Mas o tempo da tele-escola tem de ser o atual e deve ser ponderado bem o que, quando, com quem e como se vai também usar a TV! Que amanhã, como tem sido anunciado, sejam tomadas decisões fundamentadas sobre o 3ª período!
  • Importa, tal como outros já avançaram (por exemplo S. Castilho – “Tocata para um ministro à distância”) que se passe à ação e com medidas concretas antes de começar o 3º período. No quadro da autonomia das escolas e dos professores propõe-se que sejam efetivamente respondidas as seguintes questões concretas: Como se vai organizar o horário letivo dos alunos? 45-50min, ou o dobro conforme os casos, de cada disciplina online e/ou na TV? Ou o “modelo de E@D” a decidir pelas escolas poderá alterar a carga horária do currículo? Que recursos educativos, incluindo digitais, além do manual escolar e fichas dos professores, usar que sejam validados e com investigação educacional de suporte (não basta só fazer listas intermináveis para os professores, no site do ME)? Que garantias existem, na maioria das plataformas digitais, de respeito pela proteção de dados e privacidade, nomeadamente de menores online? … Algumas respostas podem ser encontradas na investigação de vários centros de investigação em educação, como o CIDTFF ao qual pertenço ou por investigadores nesta área, como o que está em: https://www.ffms.pt/conferencias/detalhe/4455/o-pais-que-se-segueepisodio-4 ;
  • O estudo publicado e divulgado (por exemplo no Jornal Expresso: Alguns estão mais ansiosos, outros agitados mas a maioria dos pais não nota alterações no comportamento dos filhos durante a quarentena) refere alguns dados que podem ser importantes para o 3º período, caso se mantenha a situação, como tudo indica:  cerca de metade (53%) dos pais ou encarregados de educação não tem notado alterações de comportamento dos seus educandos e uma larga maioria de cerca de dois terços dos alunos (64,7%) já manifestou o desejo de regressar à escola, logo que possível. Mas sem vacina ou cura o distanciamento social vai continuar e a possibilidade de haver escola presencial será diminuta, pois com 28 a 26 alunos por turma em espaço confinados como muitas das salas de aula, especialmente do Ensino Básico, seria um risco enorme, como também outros defendem (ver: https://www.publico.pt/2020/04/06/impar/opiniao/nao-terceiro-periodo-presencial-1911117)
  • Já escrevi aqui e reitero: As mudanças na educação são lentas! Mas, neste momento, e sem querer alongar a todos os aspetos que importa ponderar sobre este assunto existe, nas partilhas de práticas realizadas e exemplos de E@D do site do ME, uma grande preocupação com o ensino, mas também pouca atenção com a qualidade das aprendizagem dos alunos. Não é só necessário pensar nos meios e atividades e estratégias de ensino a usar, mas também no papel do alunos nesse processo e nas competências a promover intencionalmente com o E@D. Só com um papel mais ativo, diversificado nas tarefas a realizar e não repetitivas dos estudantes é que se aumentam as probabilidades de aprendizagens mais ancoradas e duradouras.

Claro que defendo que este seria o momento ideal para se promover também e assumidamente o Pensamento Crítico, nomeadamente as capacidades de avaliação da credibilidade da informação com que atualmente se é confrontado, também exponencialmente. É isso que se tem defendido, como por exemplo, na última conferência / sessão que fizemos também de E@D: “Pensamento Crítico em tempo de Pandemia: Estratégias para evitar a desinformação”(https://www.ua.pt/pt/noticias/4/62923). Naturalmente que artigos e publicações sobre este tópico podem ser consultados em posts abaixo neste blogue e no menu Publicações.