Pandemia(s) e peso do vazio

Vivemos uma pandemia (COVID-19) que continua a fazer vítimas e a afetar e a condicionar a vida da maioria das pessoas de todo o planeta. Esperemos que rapidamente se obtenha uma cura, embora tal pareça ser muito difícil ainda este ano de 2020, e muito menos para todos.

Esta incrementou e proporcionou a tomada de consciência de outras “pandemias”. Uma delas é a da desinformação (vulgo Fakenews) e seus derivados, como as notícias falsas e a má informação. Outra é o crescimentos das conferências, encontros e afins online e webinares. De facto alguns congressos e conferências, como a que estou envolvido, que se realizará em Valência – VII SIA-CTS, tiveram de ser adiados e/ou passar a online em função da situação pandémica que se vivencia. Outros eventos surgiram neste período e crescem devido à facilidade da sua organização e baixo custo (ou mesmo ausência de custos).

Participei em alguns destes últimos, como aqui dei conta, e depois, dado o elevado número de convites, tive de ir recusando e adiando outros. Assisti voluntariamente a outros, para enriquecimento e salutar troca de argumentos e referenciais.

Desta participação e formação resultou um conjunto de aprendizagens, boas experiências e partilhas, especialmente com algumas Universidades Brasileiras. De outros resultou um vazio e um conjunto de opiniões e banalidades!

E deixo as palavras de Mia Couto (2019), que sugiro como leitura de Verão, sobre o “peso do vazio” que escreve em o “Universo num grão de areia”:

“O ato de pensar foi dispensado pelo uso mecânico de uma linguagem de moda. Já falei do workshopês como uma espécie de idioma que preenche e legitima a proliferação de seminários, workshops e conferências, que pululam de forma improdutiva pelo mundo inteiro” (p. 165).

“Pensar com Clareza”

Este Natal ofereceram-me o Livro “A arte de Pensar com Clareza” de Rolf Dobelli (2013) do Círculo de Leitores (ver, por exemplo: http://www.wook.pt/ficha/a-arte-de-pensar-com-clareza/a/id/14953399).  Acabei por o ler com muito interesse pois tem um conjunto de 52 crónicas sobre o mesmo número de “erros de raciocínio que não devemos cometer”.

Em cada um deles o autor apresenta, várias vezes com humor, diversas situações e histórias que ilustram cada um destes erros. Dos mesmos destaco dois:

– “O efeito do excesso de confiança”

“O excesso de confiança faz com que não se repare na diferença entre o que realmente sabemos e aquilo que julgamos saber. […] Não há, na prática, um único projeto que se afirme de forma rápida e com custos inicialmente previstos”.
– “A tendência de confirmação”
“Quando surge  a expressão “caso especial”, vale a pena pormo-nos à escuta com redobrada atenção. Muitas vezes o que ela esconde é uma prova refutativa”.

capa do livro
capa do livro

Mito Nacional

Aconselho vivamente a leitura do artigo da revista2 do Jornal Público de hoje de título: “À procura de um novo mito nacional“. Deste destaco a frase:

“A nossa juventude está a ir-se embora, estamos a perder os melhores valores, a Educação está de rastos, a Economia é o horror. Vemos que nos estamos a transformar numa monstruosidade. Mas nós não acreditamos nisto. Acreditamos que vamos ser um país normal.”

José Gil

CONCORDA?  Qual a “imagem ideal de nós próprios”, como diz Eduardo Lourenço? …

Porto, maio de 2014
Porto, maio de 2014

Pensar Partilhado

Dada a atualidade e a necessidade de reforçar a importância de trabalhar cooperativa e colaborativamente avanço hoje com os critérios de seleção das pessoas para um pensamento partilhado que crie algo produtivamente e que retirei das páginas 89 e 90 do livro “Como pensam as pessoas bem-sucedidas” de Maxwell:

  • pessoas cujo maior desejo seja o sucesso das ideias;
  • pessoas que possam acrescentar valor aos pensamentos de outras;
  • pessoas que sejam capazes de lidar com mudanças de conversa rápidas;
  • pessoas que valorizem os pontos fortes dos outros nas áreas em que elas próprias são fracas;
  • pessoas que tenham consciência do seu próprio valor na mesa;
  • pessoas que coloquem em primeiro lugar o que for melhor para o grupo;
  • pessoas que sejam capazes de despertar os melhores pensamentos nas que as rodeiam;
  • pessoas que tenham maturidade, experiência e sucesso no tema em discussão;
  • pessoas que assumam propriedade e responsabilidade pelas decisões;
  • pessoas que saiam da mesa com uma atitude de “nós”, e não uma atitude de “eu”.

Farol da Barra, 22 de janeiro de 2012

Bons pensadores

Começo este novo ano de 2012 com propostas para pensar eficazmente com base na experiência, formação e leituras recentes que realizei, como por exemplo do livro de 2010 de John Maxwell de título “Como pensam as pessoas bem-sucedidas”. De entre as principais destaco:

  • Como pensar bem e eficazmente não é um processo fácil, rápido e automático exponha-se a boas influências (ambientes, pessoas que sejam bons pensadores, formação de qualidade e desafiante,…);
  • Seja intencional a pensar e faça disso uma prioridade sempre que possa e em todas as situações possíveis do seu quotidiano;
  • Defina metas, planos, objetivos… não viva de acordo com a vontade dos outros e saia do confortável “quase” ou “nim”; ouse dizer “não”!
  • Passe à acção os seus melhores e mais eficazes pensamentos; assuma compromissos;
  • Pense em planos e ações alternativas; pelo menos pondere nas suas implicações;
  • Permita que as suas emoções /disposições proporcionem outros e diferentes pensamentos; e
  • Escolha um local onde se sinta confortável para pensar e um ambiente onde a humildade intelectual e a honestidade sejam assumidas explicitamente.

Finalizo com a “fórmula para ajudar a expandir pensamentos” que o autor acima referido inclui na sua página 18:

O Pensamento Certo + as Pessoas Certas

No Ambiente Certo, no Momento Certo

Pela razão certa = o Resultado Certo

Barra, 1 de Janeiro de 2012

Mudança?

A manifestação não partidária em Lisboa, Porto e outras cidades Portuguesas de ontem foi, do meu ponto de vista, o início da mudança cívica que parece ser ansiada por muitos. Se esta geração “à rasca” mais jovem teve o mérito de iniciar este movimento a verdade é que participaram nesta manifestação todas as gerações descontentes com a situação actual. A realidade que se vive é complexa e não é exclusivamente nacional, mas ressalta-se:

  • a precariedade de emprego dos jovens é hoje inaceitável! Por exemplo, os diplomados precários mais que duplicaram na 1ª década do século XXI.
  • que a taxa de desemprego jovem (13,2%) é mais do dobro do que era em 1999 (6,2).
  • que existe uma emigração cada vez mais qualificada e mesmo feminina.

Todavia, continuamos a assitir:

  • a ordenados de gestores de empresas públicas inaceitáveis;
  • a uma geração que não se quer privar dos seus direitos e a outra que quer aceder aos mesmos;
  • a uma sobrecarga do esforço de uma parte da sociedade Portuguesa (funcionalismo público).

Será que a aposta na educação e o uso do pensamento crítico começaram a mostrar as primeiras manifestações?

A canção dos Deolinda foi mais um “grito” (http://www.youtube.com/watch?v=_rgOFS7UZ2I):
“Sou da geração sem remuneração
E não incomoda esta condição
Que parva que sou.
Porque isto está mal e vai continuar;
Já uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que sou.
E fico a pensar…”

Como ontem se ouviram outros (vozes e cartazes que mais pareciam Portugal de 1974):
“Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!”

Um bom exemplo de moralização e movimento cívico colectivo e sem “revoluções” vem da Islândia (ler por exemplo: http://economico.sapo.pt/forumbolsa/index.php/topic,30030.0.html). Estamos mesmo perante uma mudança no modo de pensar e agir na sociedade Portuguesa?

Vamos ver o que acontece nos próximos dias e assistir ao que os fazedores de opinião (da geração com todos os direitos) vão veicular destes acontecimentos!

Tipos de pensadores

Tenho assistido com preocupação ao modo como se usam falácias na vida política e social Portuguesa. Tal é claramente visível na comunicação social e na blogsfera, nomeadamente da educação. Existem muitos ataques pessoais, particularmente ao poder político actual, inferências inválidas, muitas opiniões pouco sustentadas, … enfim a “crítica do bota abaixo”, que é um caminho fácil, mas pouco construtivo e produtivo!

Ora, não estarei a ser exagerado se afirmar que em muitas situações se assiste a ausência total de capacidades de pensamento crítico. Precisamos, pois, de fazer uma melhoria efectiva do potencial cognitivo que temos e de ter melhores pensadores. Onde a educação intencional e sistemática, desde os primeiros anos, tem um papel crucial!

Para melhor se explicar os 3 principais tipos de pensadores sugiro um vídeo que está no youtube, apresentando aqui a versão de Português do Brasil para crianças.
Comentários?