Pensamento Crítico?

Venho, desta vez, destacar a relevância que, cada vez mais e repetidamente, é dada ao Pensamento Crítico. São em número crescente os investigadores, professores, organizações / instituições e sociedade em geral que o incluem no seu léxico, quer escrito, quer oral. Um dos exemplos que o evidencia vem das Nações Unidas (ver link) ao defender que (foto também abaixo):

“Educação deve estimular pensamento crítico para garantir direitos humanos.”

Esta visibilidade é positiva e o seu reconhecimento como campo de investigação é de assinalar. Todavia verifico também que o mesmo começa a ser usado com  muitos sentidos e pouca clareza concetual. Relevo pois que existem, em vários campos e áreas de investigação e dos saber, muitos avanços e contributos que nos permitem hoje usar o mesmo com mais propriedade e “sentido”. Alguma dela está neste blog e muita outra em revistas e livros nacionais e internacionais que importa também ir consultando.

Boas leituras.

Captura de ecrã 2016-10-26, às 22.23.34

Frase da semana

A propósito dos exames, que no 4º e 6º anos foram entretanto substituídos pelo novo governo Português por provas de aferição, Ana Benavente escreve no público de 20 de janeiro de 2016  sob o título “Exames para que te quero” as frases seguintes que aqui se destacam :

“Para mim, a questão é simples: os exames são um mecanismo criado no interior do sistema que revela uma concepção de escola. Dum lado, a Educação para Todos com valorização do trabalho dos professores e procura de caminhos para assegurar aprendizagens exigentes face aos desafios do presente e do futuro e, do outro, a escola que conhecemos no passado, que exclui quem vem dos meios sociais mais pobres e das culturas “não eruditas”, uma escola de competição, de stress e de individualismo em que só a memória – auxiliar precioso – faz as vezes de inteligência” (p. 44).

FotoAnaBenavente

“Pensar com Clareza”

Este Natal ofereceram-me o Livro “A arte de Pensar com Clareza” de Rolf Dobelli (2013) do Círculo de Leitores (ver, por exemplo: http://www.wook.pt/ficha/a-arte-de-pensar-com-clareza/a/id/14953399).  Acabei por o ler com muito interesse pois tem um conjunto de 52 crónicas sobre o mesmo número de “erros de raciocínio que não devemos cometer”.

Em cada um deles o autor apresenta, várias vezes com humor, diversas situações e histórias que ilustram cada um destes erros. Dos mesmos destaco dois:

– “O efeito do excesso de confiança”

“O excesso de confiança faz com que não se repare na diferença entre o que realmente sabemos e aquilo que julgamos saber. […] Não há, na prática, um único projeto que se afirme de forma rápida e com custos inicialmente previstos”.
– “A tendência de confirmação”
“Quando surge  a expressão “caso especial”, vale a pena pormo-nos à escuta com redobrada atenção. Muitas vezes o que ela esconde é uma prova refutativa”.
capa do livro
capa do livro

LEITURA RECOMENDADA

Como não me foi possível recomendar leitura de Verão venho este ano recomendar a leitura do Livro:

“O Homem que gostava de cães” do Cubano Leonardo Padura (http://www.portoeditora.pt/produtos/ficha/o-homem-que-gostava-de-caes?id=3501368).

Trata-se de um livro “denso”, com mais de 800 páginas, mas que permite o conhecimento de 3 distintos Seres Humanos que viveram ao longo do século XX e dos seus diferentes contextos e circunstâncias, como Espanha e México. Talvez o mais famoso seja  Trotsky e o seu carrasco. Mas também é em parte autobiográfico, pois Padura  vive e escreve de forma crítica sobre Cuba (ver a sua entrevista televisiva em:  http://www.rtp.pt/programa/tv/p27198/e22 e artigo em: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/padura-e-o-homem-que-gostava-de-caes-283555).

Boa leitura e bom regresso ao trabalho.

Santander em Espanha, agosto de 2014

 

Mito Nacional

Aconselho vivamente a leitura do artigo da revista2 do Jornal Público de hoje de título: “À procura de um novo mito nacional“. Deste destaco a frase:

“A nossa juventude está a ir-se embora, estamos a perder os melhores valores, a Educação está de rastos, a Economia é o horror. Vemos que nos estamos a transformar numa monstruosidade. Mas nós não acreditamos nisto. Acreditamos que vamos ser um país normal.”

José Gil

CONCORDA?  Qual a “imagem ideal de nós próprios”, como diz Eduardo Lourenço? …

Porto, maio de 2014
Porto, maio de 2014

Discurso Atual

Desta vez venho divulgar o discurso atual do Professor António Nóvoa sobre “A Universidade e a Liberdade”, como vencedor do Prémio Universidade de Coimbra 2014, na sessão solene comemorativa do 724º aniversário da UC:

Deste destaco duas passagens:

  • “O regresso a visões tradicionalistas, retrógradas parece estar na moda destruindo a cultura e o pensamento crítico” (cerca dos 15 min).
  • “Estamos a atingir o limiar da irresponsabilidade. […] Precisamos de recuperar uma liberdade académica que temos vindo a perder e um sentido de universidade que se encontra num serviço público franco e desinteressado” (cerca do 19 min).

Manifesto

O manifesto que foi esta semana divulgado em Portugal merece discussão e reflexão séria. O mesmo pode ser visto em vários locais na net. Remeto para a sua versão integral do jornal Público (clicar abaixo sobre o título):

“Manifesto: Preparar a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente”

Estranhamente a discussão não se tem centrado no seu conteúdo mas no timing do mesmo. Têm surgido muitas crónicas, debates (está neste momento a decorrer um na TVI 24 com os cabeças de lista às Europeias) e “narrativas”.

De entre estas destaco a de um dos signatários, que foi hoje publicada no DN: “Os Homens não são todos iguais” (http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3740253&seccao=viriato).

 

Qual o seu pensar sobre este assunto tão importante para o nosso futuro coletivo?

Deserto do Namibe em Angola, janeiro de 2014 (autoria de Rui Neves)
Deserto do Namibe em Angola, janeiro de 2014 (autoria de Rui Neves)

Diferentes ângulos educativos

O tempo é inexorável. Após o último post houve vários assuntos ligados à educação que mereceram atenção e exigiam alguma reflexão aqui. Não tenho a veleidade de os tratar todos mas gostaria de os sintetizar com ilustração de alguns bons artigos de opinião que foram sendo publicados e divulgados na comunicação social portuguesa.

Destaco aqui 3:

  1. A investigação realizada na Universidade de Aveiro por Patrícia Silva veio apontar com clareza que os interesses partidários estão na base das nomeações para a administração pública. Além da consulta, logo que seja disponibilizada, do repositório da UA – ria.ua.pt aconselho a leitura do Jornal Online da UA (https://uaonline.ua.pt/pub/detail.asp?c=37282) e o excelente artigo de Manuel Loff sobre “Os novos condes de Abranhos” (ler em: http://www.publico.pt/politica/noticia/os-novos-condes-de-abranhos-1624328).
  2. A relação entre o sucesso educativo e os ambientes sócio económicos e culturais dos alunos e suas famílias tem vindo a ser reforçada. Aconselho dois artigos – a análise da OCDE aos últimos resultados do PISA, que está bem resumida em: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/tal-pai-tal-filho-1625982 e as condições e caraterísticas da família como fator sucesso educativo e de riqueza de um país, que é reforçada em http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1350&did=140249.
  3. As praxes. Assumo que sou contra tudo o que possa ofender a dignidade humana! Mas sou a favor de práticas integração criativas, solidárias e que permitam a coesão de grupo, como também tem acontecido (mas estimo que em número reduzido) em algumas praxes do ensino superior. A propósito de toda esta tragédia do Meco, não posso deixar de recomendar o artigo “Praxes do Meco: a educação ou no reino da estupidez” que foi também publicado no jornal público em: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/praxes-do-meco-a-educacao-ou-no-reino-da-estupidez-1623938 .

O que pensa(m) sobre estes assuntos?

Tundavala em Angola, 2013.
Tundavala em Angola, 2013.

Esperança para 2014!

Neste ano que termina considero, no mínimo, preocupante o ambiente pouco racional que se vive na educação e que, face ao estado social e económico que toca à maioria dos portugueses e também os professores, não augura resultados positivos nas aprendizagens dos alunos. Neste lote está a Prova de Acesso à Docência e as últimas afirmações do Sr. Ministro sobre a formação de Professores; estas terão de ser fundamentadas, sob pena de comprometer a sua credibilidade. A este nível compartilho a maioria do referido no artigo de Maria Emília Brederode Santos que publicou nesta véspera de Natal no Público (ver em: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/orgulho-e-preconceito-1617347).

Desejo que 2014 traga dignidade à profissão Docente e não posso deixar de concordar com o escrito na lição síntese das Provas de Agregação da Professora Cecília Galvão:

"Não me parece que algum pedagogo defenda, com a facilidade apontada aos fazedores de opinião, uma escola apenas lúdica, divertida, em que as aprendizagens se tornam superficialidade; esta é uma leitura apressada de quem não se esforçou por entender a verdadeira mensagem e que sofre daquilo que é imputado à escola. Basta dizer que estas ideias que correm nunca são fundamentadas, baseiam-se em opiniões dos próprios, fundadas numa escola que viveram, já fruto de imaginação destorcida" (2010, p. 7-8).

Como informação de esperança no futuro divulgo a Academy Cube (que está por exemplo em: https://www.facebook.com/academycubept) e que é uma plataforma que reúne todos sectores industriais, com necessidades de diplomados nas Instituições de Ensino Superior da Europa em ciências, engenharias, matemáticas e informática, permitindo identificar profissionais destas áreas. Aconselho a visualização das ofertas de emprego em: http://academy-cube.eu/job-offers/ .

Que 2014 seja melhor que o anterior!

Redemocratizar

Li esta expressão esta semana numa entrevista do Prof. Jorge Miranda e penso que a mesma se aplica e justifica ao que foi relatado ontem na reportagem da TVI (clique abaixo para a poder ver).

VERDADE INCONVENIENTE

Independentemente da argumentação que foi usada ao longo da reportagem urge que todos, face à constituição Portuguesa, tenham as mesmas condições de acesso à educação e que os “dinheiros públicos” sejam usados com rigor. Se tal não aconteceu porque não foram ou são julgados os envolvidos?

Entretanto vale a pena também consultar o site da OCDE (http://www.oecdbetterlifeindex.org/#/31115315313) e ver o que se passa vos vários países tendo em conta as opções que fazemos nos indicadores que à direita surgem! E, uma vez mais, se verifica que temos um “caminho” a percorrer na melhoria da nossa qualidade de vida e que a educação é o “motor” para fazer essa viagem!

Atraso(s)

Agora que vamos entrar na hora de inverno e que os relógios atrasam uma hora mantenho a esperança que a atual situação económica e social não comprometa o nosso futuro coletivo e atraso(s) estrutural(ais) comprometedores, os quais venham a revelar que todos estes sacrifícios e esforços estão a ser ou foram em vão.

Pese embora algumas evidências de alguma retoma económica os dados  e notícias que esta semana foram conhecidos são preocupantes. Entre estes destaco:

  • Aumento da nossa dívida pública;
  • Reitores afirmarem que os cortes de 30 milhões tornam ingeríveis as Universidades;
  • Qualidade das Escolas de Lisboa, em um Estudo da Universidade de Aveiro, ser considerado “bastante preocupante”;
  • Ânimo e estado de espírito do país estar em crescente degradação;
  • Haver cada vez menos racionalidade no debate público e político!

A aposta na Educação é certamente uma (se não “a”) via para a melhoria desta situação e de todos os nossos níveis de literacia(s)!

 

Jovens de futuro

Que futuro estamos a construir quando assistimos à emigração do nossos jovens, a maioria Mestres e Doutores de talento?

É cada vez mais frustrante estar a formar estes  jovens, especialmente Doutores, sem perspetivas de futuro e esperança em Portugal! Mas que ganham concursos internacionais e têm revelado potencial e com contributos relevantes aos desafios complexos de diferentes países da Europa e além desta.

Recreio_passagem
Escola de Vila Nova da Barquinha, Abril de 2013

Pensamento

Na revista do jornal Público do passado Domingo está uma interessante entrevista com o Professor António Nóvoa. Desta destaco, para este blog:

Às vezes nem sabemos se somos nós que nos estamos a suicidar ou se alguém nos está a assassinar. Nestes momentos, é preciso uma capacidade de pensamento crítico e de revolta que eu não sinto nas pessoas.

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