Assistimos nos últimos dois meses, um pouco por todo o mundo, a uma mudança abrupta nos modos de viver e trabalhar fruto da COVID-19. Na educação e em Portugal foram tonadas decisões políticas, como a de este ano letivo não se retomar a escola, exceto nos anos terminais do Ensino Secundário e Profissional, bem como nos Infantários e Ensino Pré-escolar.
Neste quadro foram dadas orientações e feitos roteiros pelo Ministério da Educação, já aqui abordados em artigos anteriores (ver abaixo) para um E@D e/ou com implementação da tele-escola. Muito há a dizer sobre as opções e a realidade quanto a competências, incluindo profissionais e de recursos ao dispor para tais desafios, ainda mais com a heterogeneidade e diversidade de alunos e contextos sócio-económicos e culturais que evidenciamos.
Uma parte do que penso e defendo pode ser encontrado em: https://www.facebook.com/JornaldoCentro/videos/2493818574282091/UzpfSTYxNzYwNjgzNTAwMjc3ODoyODcxMzM0MTA5NjMwMDI4/?q=jornal%20do%20centro&epa=SERP_TAB
Além deste e particularmente do que tem sido visível, especialmente na tele-escola da RTP Memória e seu site, mais que juízos de valor, deixo algumas questões:
- Está a o “Perfil dos Alunos à saída da Escolaridade Obrigatória” (ME, 2017) a orientar estas práticas educativas? Como? Seria bom ter a partilha de boas práticas a este nível e com indicação explícita de quais competências foram integradas.
- Estão a ser seguidas as “Aprendizagens Essenciais” de cada disciplina ou área? Por exemplo, porquê a sequência de conteúdos / temas ou tópicos que está a ser seguida em algumas disciplinas (sendo que a gestão de dois anos letivos juntos deveria ter uma/alguma lógica concetual) na tele-escola?
- Como está a correr a avaliação das aprendizagens dos alunos, sabendo que na maioria dos casos não há garantias que os trabalhos e propostas sejam só realizados pelos estudantes? …
Bom, vamos ver como corre este final de ano e o que está a ser pensado para o próximo. Neste momento, dadas as características das salas de aula no nosso país, seria bom já ser pensadas, a serem aulas presenciais, que sejam com turmas mais pequenas, que deve ser em torno de 15 estudantes, como parece que vai acontecer em Espanha (ver notícia no El País) ou em França (também notícia do Le Monde). Especialmente no Ensino Básico esta medida é crucial, até para evitar um 2º surto ou situação de risco a partir de setembro ou outubro, entre alunos e com os professores e restante comunidade educativa.
São necessárias orientações e apoio efetivo profissional aos professores para se evitar o que começa a ser relatado, como se pode ver nesta notícia do DN e nesta sobre os efeitos psicológicos das vídeo-conferências. Reitera-se que sem competentes, motivados, reconhecidos e valorizados professores não são possíveis mudanças de qualidade na educação, como a que se espera deste tele-trabalho a que estamos “confinados”.
Termino com as palavras de E. Morin (também no DN) , o qual espera que esta crise possa:
“revelar como a ciência é uma coisa mais complexa do que se quer crer. É uma realidade humana que, como a democracia, assenta sobre os debates de ideias, embora os seus modos de verificação sejam mais rigorosos.”