A manifestação não partidária em Lisboa, Porto e outras cidades Portuguesas de ontem foi, do meu ponto de vista, o início da mudança cívica que parece ser ansiada por muitos. Se esta geração “à rasca” mais jovem teve o mérito de iniciar este movimento a verdade é que participaram nesta manifestação todas as gerações descontentes com a situação actual. A realidade que se vive é complexa e não é exclusivamente nacional, mas ressalta-se:
- a precariedade de emprego dos jovens é hoje inaceitável! Por exemplo, os diplomados precários mais que duplicaram na 1ª década do século XXI.
- que a taxa de desemprego jovem (13,2%) é mais do dobro do que era em 1999 (6,2).
- que existe uma emigração cada vez mais qualificada e mesmo feminina.
Todavia, continuamos a assitir:
- a ordenados de gestores de empresas públicas inaceitáveis;
- a uma geração que não se quer privar dos seus direitos e a outra que quer aceder aos mesmos;
- a uma sobrecarga do esforço de uma parte da sociedade Portuguesa (funcionalismo público).
Será que a aposta na educação e o uso do pensamento crítico começaram a mostrar as primeiras manifestações?
A canção dos Deolinda foi mais um “grito” (http://www.youtube.com/watch?v=_rgOFS7UZ2I):
“Sou da geração sem remuneração
E não incomoda esta condição
Que parva que sou.
Porque isto está mal e vai continuar;
Já uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que sou.
E fico a pensar…”
Como ontem se ouviram outros (vozes e cartazes que mais pareciam Portugal de 1974):
“Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!”
Um bom exemplo de moralização e movimento cívico colectivo e sem “revoluções” vem da Islândia (ler por exemplo: http://economico.sapo.pt/forumbolsa/index.php/topic,30030.0.html). Estamos mesmo perante uma mudança no modo de pensar e agir na sociedade Portuguesa?
Vamos ver o que acontece nos próximos dias e assistir ao que os fazedores de opinião (da geração com todos os direitos) vão veicular destes acontecimentos!