Esta semana foi divulgado o Ranking das Escolas que foi realizado com base nos resultados dos exames nacionais do ensino básico e secundário Português.
Mais do que interpretações e inferências que os dados (mais que resultados) não permitem gostaria que, ainda que de forma breve, incluir algumas informações factuais e outras tantas questões, para eventual discussão neste contexto ou em outros.
Alguns dados que destaco:
- Nove escolas privadas e apenas uma pública ocupam a lista das melhores médias nos exames de Matemática do 12º ano;
- Neste nível de ensino os resultados pioraram, dado que as escolas com média negativa passou de 23,6% para 31,7%;
- As raparigas obtiveram melhores resultados que os rapazes;
- As escolas das regiões dos Açores e Madeira ocupam os últimos lugares;
- No ensino básico tiveram média negativa a Matemática 73% das escolas;
- As diferenças entre as classificações obtidas em escolas dos distritos de Bragança, Guarda, Castelo Branco, Évora, Portalegre ou Beja são inferiores às das escolas de Lisboa, Porto e Coimbra, que são os distritos com as melhores médias globais do país; isto é o litoral do país apresenta melhores resultados que o interior.
Questões para pensar:
– A que se devem os melhores resultados das escolas privadas? E das escolas do litoral? E as das regiões autónomas?
– Os melhores resultados, como tem sido apontado na comunicação social, das privadas deve-se só ao facto de “seleccionarem os melhores alunos” (se é que o fazem mesmo e todas)?
– Porque têm piorado os resultados nos últimos anos, nomeadamente a Matemática?
– Serão os principais factores “A instabilidade nas escolas, a reforma antecipada dos professores com mais experiência, a avaliação do desempenho dos docentes, a burocracia em que se encontram mergulhados e a falta de expectativas dos alunos”?
…
Praia da Barra, Aveiro em finais de Agosto de 2010
Humm..dá que pensar.
Mas, para mim estes resultados por si só têm muito pouco valor.
As provas são um momento único e não decorrem nas mesmas condições (por muito que tentem). E também o são as próprias crianças, as expectativas que nutrem em relação à escola, o meio onde estão inseridas, as famílias, o apoio que recebem,…
Os modelos pedagógicos utilizados pelos docentes, têm ainda (e infelizmente) por base a cultura da escola de há muitos anos atrás..aquela em que os próprios professores também foram ensinados.
Aprender no passado e ensinar o futuro é uma tarefa que se assume como muito complexa. E tal é observável através da resistência à mudança.
Os manuais escolares também não ajudam, são demasiado limitadores e infelizmente ainda muito usados para “preenchimento”, não promovendo o pensamento crítico, nem levando à reflexão, etc.
Os novos programas (L.P. e Mat)parecem conduzir a algumas mudanças. Mas…
É bom que se insista nas formações continuas, na actualização constante, na partilha dos resultados da investigação, na cooperação e colaboração docente.
Obrigado pelo seu contributo com o qual estou globalmente de acordo.