“Revolução na Educação”

Mesmo a notícia do dia sendo a dita “reforma curricular”, hoje apresentada pelo Ministério da Educação, que merece um post nos próximos dias e com tempo para ler atentamente o documento completo, venho aqui destacar uma síntese de um artigo publicado na última ípsilon (www.ipsilon.pt) de dia 9 de Dezembro, na sua página 47 (versão impressa), da autoria de António P. Ribeiro e com o título deste post. Até por isso, precisamos antes de refletir sobre os fundamentos antes de tomar decisões!

Restos de barco antigo que deu à costa na Praia da Barra, Dez/2011

Nesta ótica reproduzo algumas frases que, do meu ponto de vista, merecem discussão:

  • Ken Robinson considera que os modelos utilizados por diversos governos em todo o mundo são datados ainda da revolução industrial;
  • “Os sistemas educativos actuais orientam-se para a formação de “gerações de máquinas eficazes” cujo objectivo é realizarem lucro e crescimento económico, fins que não se acordam com a liberdade de cidadania, a saúde, o bem-estar e a justiça”;
  • “… não precisamos  de mais reformas na educação, não necessitamos de evoluir nos sistemas educativos escolares; precisamos é de uma revolução que questione a linearidade da vida, do progresso e da educação e atente à multiplicidade e à imprevisibilidade”;
  • “É necessário estar disponível para a inovação imprevista e imprevisível, e por isso livre de controlos programáticos”;
  • “Do reportório dos assuntos a estudar estão: desenvolver a capacidade de olhar o mundo do ponto de vista de outros […] aprender como comportar-se face às situações de fragilidade – que não deve ser considerada vergonha -, enveredando pelo estudo da cooperação e reciprocidade; promover energicamente o pensamento crítico e a capacidade de ter coragem para poder afirmar a diferença de ponto de vista; dotar os estudantes de capacidades de reflexão adequadas sobre questões políticas do seu país que vão além dos problemas dos seus grupos, e de seguida olharem o seu país como uma fracção da ordem mundial complexa onde se colocam muitos problemas que exigem deliberações transnacionais permanentes”.

2 comentários em ““Revolução na Educação””

  1. Obrigado pela partilha.
    Concordo com quase tudo o que está expresso aqui em resumo. Mas deixo-lhe algumas questões:
    -Se do ponto de vista teórico isto é aparentemente fácil, será que nas práticas de sala de aula em Portugal se faz e é possível fazer?
    -Como fazer na prática para promover a criatividade, o pensamento crítico, a cooperação, …?
    -Não serão utopias e o mais fácil seja centrar nos conhecimentos da industrialização e regressar, como pretende este Ministro ao “back to basics”?
    Tenho pena que os especialistas em educação não combatam estas ideias do Ministério e que, temo, vão destruir algum avanço que se conseguiu na educação, pelo menos nos documentos teóricos como os novos Programas.
    Tente também divulgar mais este seu blogue que é uma lufada fresca no mundo da educação em Portugal que está muito “poluído” pelas mesmas ideias e as do “regime”!

  2. Eu é que agradeço a sua participação e palavras de incentivo!
    As questões que faz são pertinentes e são algumas das que costumo fazer na aulas de Didática que dou nos Mestrados. Sinteticamente e correndo o risco de ser ligeiro, adianto que:
    -Estas finalidades, dadas os resultados e conclusões da investigação que tem sido realizada também em Portugal, ainda não chegaram a muitas das práticas letivas; mão é possível fazê-lo e os estudos que temos vindo a realizar e orientar têm evidenciado essa realidade!
    -Temos avançado com várias propostas; recomendo a leitura de 3 livros em que sou co-autor e que possuem exemplos concretos:
    1. Vieira, R. M., Pereira, P., Martins, I. P. (2011). A educação em ciências com orientação CTS – Atividades para o ensino básico. Porto: Areal Editores. (144 pp.) (ISBN: 978-989-7647-352-5).
    2. Vieira, R. M., e Tenreiro-Vieira, C. (2005). Estratégias de ensino / aprendizagem: O questionamento promotor do pensamento crítico. Lisboa: Editorial do Instituto Piaget (148 pp.) (ISBN: 972-771-779-9).
    3. Tenreiro Vieira, C., e Vieira, R. M. (2001). Promover o pensamento crítico dos alunos: Propostas concretas para a sala de aula. Porto: Porto Editora (142 pp.) (ISBN: 972-0-34310-9).
    -Também temo, com estas medidas, o regresso ao “back to basics”!

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