Avanços da Investigação em Educação

Alguns dos avanços da investigação em educação apontam no sentido da necessidade de se repensar a formação inicial e continuada dos professores. Destacam-se hoje e neste espaço dois artigos.

O primeiro artigo em que sou um dos autores (banner abaixo) aponta para as diferentes competências digitais dos professores portugueses da área das Ciências e Matemática e a urgência de formação de qualidade que proporcione aos mesmos a possibilidade de potenciarem criticamente o uso das ferramentas digitais no processo de ensino / aprendizagem das disciplinas do ensino básico e secundário das referidas áreas. E as diferenças estatísticas entre professores destas áreas merece reflexão aprofundada.

O segundo artigo (também ao fundo) e fazendo uso dos destaques revela:

• uma queda drástica no denominado pensamento de ordem superior (que corresponde a muitas das capacidades de pensamento crítico que neste espaço se defende desde 2007) ao passar da apresentação de tarefas pelo professor, por oportunidades de envolvimento dos alunos, para casos que foram seguidos por evidências do pensamento dos alunos;

• Os episódios de pensamento dos alunos indicaram, na maioria das vezes, interações de baixa qualidade;

• Todos os professores incorporaram tarefas de pensamento, no entanto, apenas uma pequena minoria tomou medidas para facilitá-las ainda mais de maneiras que proporcionassem oportunidades autênticas de envolvimento de alta qualidade dos alunos com o pensamento;

• Há necessidade de reavaliar os conhecimentos e capacidades que devem ser contemplados no desenvolvimento profissional para ajudar os professores a planificar e fazer mais perguntas de ordem superior e para apoiar o envolvimento dos alunos com tarefas de pensamento.

Ignorância e atrevimento(s)?

São variadas as situações recentes e contextos onde o pensamento crítico não tem estado ou manifestado a sua presença!

Um deles é sobre a formação de professores e a “descoberta” de que estão em falta já em várias disciplinas de escolas, nomeadamente de grande centros urbanos; e que a situação irá agravar-se nos próximos anos (ver por exemplo notícia em: https://www.publico.pt/2022/03/28/sociedade/noticia/100-mil-alunos-estarao-menos-professor-ja-proximo-ano-preve-directora-pordata-2000423 ou em https://www.ffms.pt/blog/artigo/578/quantos-alunos-estarao-sem-aulas-daqui-a-1-ano). Ora, esta próxima “pandemia”, como lhe chamam vários “peritos”, tem estado a ser discutida em vários fóruns, encontros, programas televisivos, como diversos comentadores, incluindo ex-responsáveis pela situação que hoje se verifica em Portugal. O mais impressionante é que em nenhum dos que assisti ou li esta problemática contou com a participação de algum dos investigadores e formadores que em Portugal produz e publica investigação sobre formação de Professores.

É como se, no caso da pandemia COVID-19 que ainda vivemos, os debates fossem realizados com outros que não os especialistas nas áreas médica e afins em causa. Onde estaríamos agora? Provavelmente sem vacinas e com uma situação difícil de imaginar…

A ignorância tem sido muito gritante e latente, pois desde as linguagens, no mínimo desadequadas, até à realidade do que é e poderá ser a formação de professores, no caso a denominada inicial, vai um longa distância! E claro esta complexa situação tem de ser apreciada no seu todo e no contexto social e económico do país, e as medidas para a combater terão de ser fundamentadas e não ser apresentadas como paliativas, como as que estão já a ser implementadas, de que é exemplo a de contratar “quem aparece e se disponibiliza” independentemente da sua formação, nomeadamente didático-pedagógica!

Em próximos artigos traremos outras questões e temas de educação sobre as quais importa começar a pensar criticamente! Até lá vamos já começar a valorizar os professores que temos no ativo e os que estamos a formar para que o nosso futuro coletivo seja, de facto, mais esperançoso e com melhor qualidade de vida para todos.

Controvérsias na/da Ciência e sua História

Serve este para anunciar a publicação de mais um livro que é pertinente para todos os que se interessam pela educação numa perspetiva CTS:  “Controversias en la historia de la ciencia y cultura científica”.

O livro é da autoria de Antonio García Carmona e José Antonio Acevedo-Díaz  e, tal como está em: https://www.oei.es/historico/divulgacioncientifica/?Controversias-en-la-historia-de-la-ciencia-y-cultura-cientifica-PDF , procura contribuir para uma cultura científica adequada e mais holística numa perspetiva de cidadania. Tem também como propósito evidenciar que no avanço da Ciência existe “el conflicto como algo natural a la propia ciencia.  […] No menos relevantes son los escenarios de las controversias, unas veces íntimos y otras, públicos, pues también tienen un papel esencial en el desarrollo de estas”.

 

PC+EDS e Cidadania

Divulga-se, por força dos temas principais deste espaço,  um  livro que procura sintetizar um trabalho de 3 anos de investigadores da linha da Cátedra Ibérica CTS+I. Este livro coordenado por Isabel P. Martins (Universidade de Aveiro) e Mariano Martín Gordillo (Grupo ARGO) foi editado pela Catarata (ver https://www.catarata.org/libro/ciencia-cordial_82719/) e tem um capítulo em que participo:

CAPÍTULO 3. CIÊNCIA, CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA ESCOLARIDADE BÁSICA: QUE POSSIBILIDADES? QUE REALIZAÇÕES?
Celina Tenreiro-Vieira e Rui Marques Vieira

Boa leitura e boas festas.

Livro eletrónico sobre Formação de Professores

Acaba de ser publicado o e-book “Formação inicial e continuada de professores de ciências: O que se pesquisa no Brasil, Portugal e Espanha”  organizado por  António Cachapuz, Alexandre Shigunov Neto e Ivan Fortunato. Da editorial Edições Hipótese é de livre acesso e gratuito (https://goo.gl/49c7Nu).

                           

Como escrevem os organizadores, os capítulos reunidos por formadores de professores conservam entre si a pluralidade de olhares e reflexões sobre a formação inicial e continuada de professores de ciências e emergiram da necessidade de se divulgarem experiências e compreender como ocorre esse processo de formação no Brasil, Portugal e Espanha.

Boas leituras.

2 livros em 2018

De regresso antes das férias aqui fica a sugestão de dois livros publicados este ano de 2018:

Mais informações sobre estas duas publicações em:

Livro | Didática das Ciências para o Ensino Básico

Cadernos Didáticos | As Comunidades Online na Promoção do Pensamento Crítico em Didática das Ciências

“Porque melhoraram os resultados PISA em Portugal?”

O livro com o título deste post publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e que está disponível em: https://www.ffms.pt/FileDownload/342a960e-c01c-4309-8fa5-6e5a391204af/porque-melhoraram-os-resultados-pisa-em-portugal apresenta um estudo longitudinal e comparado dos resultados dos alunos entre 2000 e 2015 possui dados que merecem destaque e reflexão. Nesta publicação salienta-se transcrevendo:

  • Ao longo dos 15 anos do PISA “….os resultados médios de Portugal têm vindo consistentemente a melhorar nos três domínios considerados [Matemática, Leitura e Ciências], aproximando-se dos scores médios da OCDE” (p. 13).
  • “Além de ser uma medida ineficaz a resolver o insucesso dos alunos que repetem, como já foi identificado por vários autores, acresce esta ser uma medida que aumenta as desigualdades no sistema educativo, uma vez que a probabilidade de um aluno repetir o ano está fortemente associada ao seu estatuto socioeconómico e cultural, sendo os alunos de meios mais desfavorecidos os que têm maior probabilidade de chumbar” (p. 22).
  • “O nível de escolaridade dos pais está relacionado com melhores desempenhos dos alunos, mas apenas quando combinado com profissões mais qualificadas e mais bem remuneradas” (p. 27).
  • “Relativamente ao ambiente na sala de aula, cerca de 30% dos alunos respondentes ao questionário PISA consideram que há indisciplina e barulho na sala de aula, …”; mas também  “Portugal é o país onde consistentemente os alunos mais reconhecem o trabalho e disponibilidade dos professores” (p. 33).
  • “Relativamente às carências e à visão que têm da direção das escolas, os professores portugueses consideram que há falta de auxiliares de educação e que os diretores são líderes pouco inspiradores. No que se refere à cooperação entre colegas, verifica-se que a prática de cooperação menos comum é a observação de aulas lecionadas por outros professores” (p. 36).
  •  “Portugal foi o país que mais investiu no aumento do número de horas de ensino da Matemática. Esta tendência não se verificou nos restantes países europeus, onde a prática corrente foi manter o número de horas desta disciplina. Também no que respeita à quantidade de horas que os jovens passam a fazer trabalhos para a escola fora do horário escolar, os alunos portugueses despendem 14 horas por semana, em média, em trabalho escolar extra” (p. 41).
  • “Importa também referir que os diretores portugueses são os que menos se socorrem da investigação e conhecimento comprovado por outros nas suas práticas de gestão escolar. A cultura de olhar para a educação como uma ciência ainda não chegou às escolas” (p. 45).

Educação e Sustentabilidade

Rio de Janeiro, agosto de 2017

Serve este para divulgar:

  • O portal Educação em Exame que foi disponibilizado na semana passada em Portugal pela Fundação Francisco Manuel dos Santos em parceria com o Conselho Nacional de Educação e o Jornal Expresso e que pretende apresentar uma visão comparada e evolutiva sobre o sistema educativo em Portugal;
  • Um novo artigo publicado sobre as questões da Educação para a Sustentabilidade, neste caso no Ensino Superior, de título “Education for sustainable development: an exploratory study in a Portuguese University”, publicado no International Journal of Sustainability in Higher Education (ISSN: 1467-6370).
    Boas pesquisas e leituras.

Escola diferente?

De regresso de férias são vários os assuntos e informações que foram surgindo desde o final do ano letivo passado. Entre esses destaco os que me parecem mais relevantes e que considero irão ocupar a discussão em torno de questões educativas nos próximos tempos:

Bom ano letivo e boas reflexões!

Competências para o futuro

São vários os documentos e iniciativas recentes que têm vindo a destacar as competências para o futuro, entre os quais se salientam:

Salienta-se nestes a importância crescente e explícita ao pensamento crítico.  São boas notícias para impelir a que passe à ação!

InfoFuturoTrabalho

Encontros Científicos

Divulga-se aqui e apela-se à participação em dois Encontros:

  • XVII ENEC 2017 | I SIEC: Educação em Ciências em múltiplos contextos, que se realiza nos dias 14, 15 e 16 de setembro de 2017 na Escola Superior de Educação de Viana do Castelo . Estes será antecedido pela II Escola de Doutoramento ENEC mantendo os objetivos de criar um espaço para partilhar e discutir projetos de investigação em curso.  Poderá encontrar informação mais detalhada no site do encontro http://www.ipvc.pt/xviienec2017.

  • O outro que aqui se divulga é o II Encontro Nacional de Jovens Investigadores em Educação que se realizará na Universidade do Minho entre 2 e 3 de Junho: http://www.enjie.pt/# . A data limite para submissão de propostas é 6 de março (NORMAS DE SUBMISSÃO em: http://www.enjie.pt/docs/normas.pdf)

 

3 em 1

Nas últimas semanas tivemos a divulgação de 3 resultados comparativos na Educação.  Já aqui se abordou cada um deles, mas agora e dada a oportunidade será “3 em 1” (os dois primeiros em:  http://iave.pt/np4/310.html):

Sobre cada um tem existido um conjunto variado de artigos de opinião em jornais e na blogosfera com ênfase em diferentes questões e “aproveitamentos político-partidários”  como se ilustram com os seguintes títulos (para aceder à notícia ou opinião completa clicar em cima do título):

De toda esta informação destaco 3 ideias:

  • Há uma melhoria clara dos resultados dos alunos Portugueses, com destaque para a Matemática; esta tem sido crescente e, no PISA, é caso único entre os países participantes.
  • Esta melhoria resulta de um conjunto de medidas políticas, com destaque para os Programas de Formação de Professores do 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico (CEB) a Matemática, Ciências e Português, entre 2005 e 2010, que influenciaram, muito provavelmente os resultados do PISA e Rankings. Mas,  tendo em conta que estas questões são complexas e multi-dimensionais, considero que o fator determinante para esta melhoria do sucesso escolar dos alunos nestas provas e comparações foi o profissionalismo dos Professores.
  • Se não forem tomadas medidas urgentes estes resultados dificilmente continuarão a melhorar, como já evidenciam os resultados dos alunos do 4.º ano de escolaridade a Ciências no TIMSS. Uma delas prende-se com uma revisão profunda do programa de Estudo do Meio do 1.º CEB, do início dos anos 90, que deve ser (re)visto em articulação com os programas e metas das Ciências Naturais do 2.º e 3.º CEB (sobre os quais na altura da sua discussão aqui deixamos a nossa discordância – “Parecer e Novas Metas de Ciências” (http://blogs.ua.pt/ctspc/archives/848).

Boas festas e com um ano de 2017 com êxito educativo para todos.

Revista CTS nº33

Acaba de ser lançado o último número (33) da Revista Ibero Americana de Ciencia, Tecnologia y Sociedad. Pode ser consultada e os artigos descarregados em: http://www.revistacts.net/volumen-11-numero-33

Conta, entre outros, com os seguintes artigos que destaco:

“Cinco Orientações para o Ensino das Ciências: a Dimensão CTS no Cruzamento da Didática e de Políticas Educativas Internacionais” | Alcina Mendes e Isabel P. Martins;

“Educação em Ciências e Matemática com Orientação CTS Promotora do Pensamento Crítico” | Celina Tenreiro-Vieira e Rui Marques Vieira;

“Práticas Integradas de Educação em Ciências: um Programa de Formação Contínua para Professores com Cariz CTS” | Ana V. Rodrigues e Patrícia João;

Boas leituras e comentários.

Captura de ecrã 2016-09-28, às 11.45.58