Da invenção à inovação pela mão de Watt

Li na minha recente viagem a Londres o livro “Watt’s Perfect Engine” de Ben Mardsen sobre a invenção da máquina a vapor com condensador separado por James Watt. Merecia não um post mas uma longa aula sobre como se parte de uma ideia que se tem ao passear num jardim de Glasgow num domingo primaveril em 1765, para um extenuante desenvolvimento que leva a uma primeira patente em 5 de Janeiro de 1769, que em 1775, alguns milhares de libras de investimento mais tarde, e já com o segundo investidor que o primero entretanto tinha abandonado o negócio, seria estendida até 1800. É graças a esta extensão que em 1776 as primeiras máquinas a vapor saem da Boulton & Watt. Em 1778 a Boulton & Watt tinha dívidas de £42500 e vendas de apenas £4000. O caminho de uma ideia, por mais disruptiva que seja, e poucas houve na história da humanidade mais disruptivas que esta de James Watt que nos legou à revolução industrial, é penoso e exige uma enorme persistência, fé e visão… Mas até mesmo um homem de fé e visão se cansa. Em Novembro de 1785 Watt dizia “É tempo de parar de inventar coisas novas ou tentar criar algo que traga consigo algum risco… Vamos mas é fazer aquilo que sabemos e deixemos o resto para os jovens que não têm dinheiro ou uma reputação a perder…”

É verdade que James Watt e Boulton enriqueceram para lá de quanto poderiam imaginar com a patente e com o negócio da máquina a vapor, e de caminho mudaram o mundo. Mas essa mesma patente e a forma como fechou as portas ao progresso levou a que no final do século a tecnologia do vapor estivesse já mais desenvolvida na Europa continental do que na própria Inglaterra.

Uma história paradigmática que encerra em si o caminho que percorrem todas as ideias até chegarem ao mercado e o quanto têm que lutar para ai sobreviverem (com muitos lobbys e advogados à mistura…)