Numa estante perto de si… Bem-vindo ao Deserto do Real

Bem-vindo ao deserto do real

Bem-vindo ao deserto do real

Autor: Slavoj Žižek
Título: Bem-vindo ao deserto do real
Localização: 32H.834
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Lembremo-nos da velha piada sobre um trabalhador alemão que na antiga RDA encontra trabalho na Sibéria e que consciente de que todas as suas cartas serão lidas pelos censores, explica aos amigos: «se receberem uma carta minha escrita a tinta corrente, azul, estou a dizer a verdade; se ela estiver escrita a tinta vermelha, estou a mentir.» A primeira carta vem escrita a tinta azul: «Aqui tudo é maravilhoso: as lojas estão abastecidas, a comida é abundante, os aposentos espaçosos e bem aquecidos, as salas de cinema passam filmes ocidentais, há muitas raparigas disponíveis – a única coisa que falta é a tinta vermelha.»” (p. 17)

“Transposta para a época contemporânea, a falta de tinta vermelha significa que as principais denominações utilizadas para designar os conflitos presentes – «guerra contra o terrorismo», «democracia e liberdade», «direitos do homem», etc. – são falsos termos que mistificam a nossa percepção da situação, em vez de nos permitirem reflectir sobre ela. Neste preciso sentido, as nossas próprias «liberdades» servem para mascarar e sustentar a nossa profunda «falta de liberdade».” (p. 18) 

Em 5 ensaios, este filósofo esloveno alerta para os desafios impostos pelo 11 de Setembro embrenhando-se na crítica da cultura, na psicanálise, na teoria social, na análise cinematográfica e diagnosticando estratagemas que impedem o confronto diário com o real.