Numa estante perto de si… Em Bicos de Pés e de Olhos em Bico

“O encontro civilizacional entre portugueses e chineses marca uma das páginas mais extraordinárias da História das relações entre o Ocidente e o Oriente.” (p. 14). Deste primeiro encontro perdeu-se o registo, embora a história de Portugal dê amplamente conta da epopeia dos mares ganha pelos portugueses depois de dobrarem o Cabo das Tormentas para chegarem ao Oriente. É também conhecida a vivência dos Jesuítas na China no século XVI. No sentido inverso há relatos de chineses de passagem pela Europa, como o do general Ban Chao, em 97 d.C., mas foi sobretudo a vaga migratória para a Europa a partir do século XIX que fez muitos chineses chegarem a Portugal. 
Mais recentemente, as relações diplomáticas intensificaram-se a partir de 1979 com a abertura de embaixadas em ambos os países, e com o retorno da soberania de Macau à China em 1999, abrindo as portas a uma maior presença de portugueses na China e de chineses em Portugal.
Numa análise transversal, este livro apresenta testemunhos de académicos, jornalistas, diplomatas, músicos, professores, entre outros, que dão conta das suas experiências em ambos os países.

“Ser guarda vermelho é contar uma história. Tal como o Tai-chi às oito da manhã. E, para mim, a China vive-se por estas histórias que vamos colhendo em encontros, mais ou menos ocasionais, em que cada pessoa nos dá um bocado da cultura do país.” (p. 27). Maria João Belchior, jornalista, sobre a sua primeira viagem à China.

“Ando em Aveiro todos os dias como se fosse um satélite na sua órbita – sempre à volta dos mesmos sítios. E aqui, quando uma pessoa sai, encontra sempre alguém conhecido, o que quase nunca acontece em Xangai…” (p. 39). Ran Mai, professora de Chinês na UA.

“A primeira reacção chinesa que tive foi de troça. Não conseguia carregar a minha bagagem e isso dava aos chineses vontade de rir. (…) Ser estrangeiro na China era um acontecimento lapidar numa vida. Porque, para um chinês, ver um estrangeiro também era um acontecimento lapidar na sua vida.” (p. 51). Cláudia Ribeiro, sobre a sua chegada à China para estudar na universidade.

“Ao longo de vários anos toda a minha família foi deixando a China e partindo para Portugal, uma espécie de deslocação coletiva do Oriente para o Ocidente, encontrando abrigo neste cantinho à beira-mar.” Y Ping Chow, conselheiro do Conselho Consultivo da Fundação Jorge Álvares, sobre as suas raízes.

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