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A morte do Walkman

Nem só do aparecimento de novos produtos trata este blog. Como sabem os produtos são com entidades vivas, nascem, crescem, multiplicam-se e morrem… Há um mês a internet zumbia com a morte de um dos ícones das últimas décadas: O Walkman desaparece ao fim de 30 anos e 220 milhões de unidades vendidas. Não necessito de explicar como esta foi uma inovação disruptiva que mudou a nossa forma de escutar e consumir música. Os ipods de hoje não são mais que os netos desta genial criação de Akio Morita e da sua luta por convencer a empresa de que a ideia fazia todo o sentido…

O Walkman é também uma enorme lição de como o enorme sucesso de um produto pode ser o início da derrocada de uma empresa se não for sendo capaz de se ir colocando em causa e ultrapassando… Acreditar que em equipa que ganha não se mexe é a tática de treinadores de bancada e empresários votados ao fracasso. Como dizia há dias aqui em Aveiro a terminar a sua apresentação Philip Kotler “uma empresa que daqui a cinco anos esteja a produzir as mesmas coisas e da mesma maneira está condenada à morte…” O sucesso da Sony impediu-a de perceber e acompanhar a revolução digital e de toda a mudança de comportamentos, consumo e tecnologia que ela acarretou… (Na verdade a história é ainda mais complexa e com mais avisos à navegação e exemplos de má gestão… Mas fica para outra vez…)

Os meus heróis da inovação

Hoje conheci outro. O Sr. (comendador) Arménio Miranda esteve connosco na UA a falar da sua vida… Conversas daquelas como as cerejas em que se lhe vai perdendo o fio e nos vamos enredando no labirinto das memórias… Como explicar o fascínio de escutar da própria boca do homem que os criou, como surgiu a ideia do iogurte de chila e canela ao comer uma clarinha em Fão?… Ou como nasceram os suissinhos… E tantas outras memórias da nossa infância perdidas com a compra da Longa Vida pela Nestlé… Arménio Miranda era a imaginação por detrás de muitos dos novos produtos da Longa Vida, e depois a base do sucesso da Frulact… Um dos muitos heróis que o país, entretido com tricas e futilidades, ignora… Alguém a descobrir com urgência… 

(Um texto interessante da sua autoria aqui)

PS Teve o Sr. Arménio Miranda a amabilidade de nos enviar um texto que resume a intervenção dele na UA e que podem encontrar aqui.

O produto e o serviço

Cada vez mais o produto tem uma componente de serviço incorporada, e serviço é estar com o cliente, mais do que isso partilhar a experiência de utilizar o produto com o cliente… Daí que ser capaz de o ouvir e perceber é essencial… Chegou-me há dias esta história, talvez apócrifa, mas que é uma bela parábola sobre o serviço e a sua importância…

“Esta é uma história que está circulando entre os principais especialistas Norte-americanos em atendimento ao cliente. Parece loucura, mas não é.
Ela começa quando o gerente da divisão de carros “Pontiac”, da General Motors dos EUA, recebe uma curiosa carta de reclamação de um cliente.
Eis o que este cliente escreveu:
“Esta é a segunda vez que mando uma carta para vocês e não os culpo por não me responder. Eu posso parecer louco, mas o fato é que nós temos uma tradição em nossa família, que é a de tomar sorvete depois do jantar. Repetimos este hábito todas as noites, variando apenas o tipo de sorvete, e eu sou o encarregado de ir comprá-lo. Recentemente, comprei um novo Pontiac, e desde então minhas idas à sorveteria se transformaram num problema. Sempre que eu compro sorvete de baunilha, quando volto da sorveteria para casa, o carro não funciona. Se comprar qualquer outro tipo de sorvete, o carro funciona normalmente. Os senhores devem achar que eu estou realmente louco, mas não importa o quão tola possa parecer a minha reclamação, o fato é que estou muito irritado com o meu Pontiac modelo 99.”
A carta gerou tantas piadas do pessoal da Pontiac que o presidente da empresa acabou recebendo uma cópia da reclamação. Ele resolveu levar o assunto a sério e mandou um engenheiro conversar com o autor da carta. O funcionário e o reclamante, um senhor bem sucedido na vida e dono de vários carros, foram juntos à sorveteria no fatídico Pontiac. O engenheiro sugeriu sabor baunilha, para testar a reclamação, e o carro efectivamente não funcionou.
O funcionário da General Motors voltou nos dias seguintes, à mesma hora, fez o mesmo trajeto, no mesmo carro, e só variou o sabor do sorvete.
Mais uma vez, o carro só não pegava na volta quando o sabor escolhido era baunilha.
O problema acabou virando uma obsessão para o engenheiro, que passou a fazer experiências diária anotando todos os detalhes possíveis e, depois de 2 semanas, chegou à primeira grande descoberta. Quando escolhia baunilha, o comprador gastava menos tempo, já que este tipo de sorvete estava bem na frente.
Examinando o carro, o engenheiro fez nova descoberta: Como o tempo decompra era muito mais reduzido no caso da baunilha, em comparação com o tempo dos outros sabores, o motor não chegava a esfriar. Com isso os vapores de combustível não se dissipavam, impedindo que a nova partida fosse instantânea. A partir desse episódio, a Pontiac mudou o sistema de alimentação de combustível em todos os modelos a partir da linha 99.
Mais do que isso, o autor da reclamação ganhou um carro novo, além da reforma do carro que não pegava com o sorvete de baunilha.
A General Motors distribuiu também um memorando interno, exigindo que seus funcionários levem a sério até as reclamações mais estapafúrdias.
Diz a carta da GM SOCIESC – Capacitação Empresarial: “Por mais ridícula que possa ser a reclamação, ela sempre deve ser levada em consideração, pois pode ser que uma grande inovação esteja por trás de um sorvete de baunilha.”
 
Esta história faz-me lembrar um slide da colecção do Tom Peters que diz:
“Saviors in waiting: Disgruntled costumers, off the scope competitors, rogue employees, fringe suppliers” (Wayne Burkan, Wide Angle Vision)

Mil milhões…

Noticia de hoje na TSF… Como definição de necessidade é difícil encontrar melhor… E nem tudo se joga na cura, de facto nestes casos o melhor ataque é a defesa…

Mil milhões de pessoas sofrem de doenças tropicais, revela OMS

Hoje às 11:46

Cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de doenças tropicais que, apesar dos esforços globais para as controlar, ainda ameaçam a saúde de milhões de pessoas, alertou esta quinta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Num relatório divulgado esta quinta-feira, a OMS avisa que ainda há enfermidades, como a doença de Chagas (muito comum na América Latina) ou a elefantíase, que prevalece em alguns países, especialmente os mais pobres, que pioram a qualidade de vida dos seus habitantes.

Apesar de, desde 2003, os Governos, as farmacêuticas e as organizações se «terem consciencializado» do efeito destas doenças na saúde pública, a sua existência frustra a possibilidade da concretização de alguns dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) relacionados com a saúde, denuncia a OMS.

«São precisos esforços globais para controlar estas doenças ‘ocultas’, como é o caso da lepra ou da elefantíase, entre muitas outras», lê-se no relatório.

Um dos casos exemplares dos últimos anos é a quase erradicação da doença conhecida como “Doença do Sem Fim da Guiné”, abundante no norte de África e na África Equatorial e que causa úlceras muito dolorosas, graças à atenção dada pelos Governos, os doadores e as ONG.

O contrário verificou-se com a dengue, uma doença viral aguda transmitida por um tipo de mosquito que provoca febres altas e que predomina nos trópicos, em especial em África, norte da Austrália, América do Sul, América Central, México e Sudeste Asiático, região onde se registam mais mortes.

A OMS propõe a prevenção e o controlo da saúde pública e o abastecimento de água potável, tanto para pessoas, como para animais, como ferramentas na luta contra estas doenças, cujo desconhecimento e desatenção por parte das autoridades aumenta os custos dos tratamentos e torna-os muito mais inacessíveis.

LEDs nas torneiras

Chegou-me este por mail. Transcrevo na integra. Pode haver mais gente por aí que ache piada a isto… A mim faz-me confusão a água colorida… A encarnada tem um ar muito “gore”…

“Boa tarde professor,

tropecei nisto há uns meses atrás, e voltei a tropeçar hoje.

Torneiras com LEDs que indicam a temperatura.

Este é um daqueles casos em que se inovou num objecto extremamente banal onde já não há muito por onde pegar.

Então como funcionam estas torneiras,e o que têm a ver com química (ou pelo menos engenharia)? Ora, a torneira tem LEDs, que se ligam com a passagem da àgua( graças à sua condutividade) e tem um sensor de temperatura que nos diz em tempo real a temperatura da àgua. Assim, temos LED’s verdes com àgua abaixo dos 25ºC, azuis entre os 25ºC e 35º, vermelho entre os 35ºC e 45ºC e acima dessa temperatura vermelhos a piscar.

É um produto curioso e inovador, que achei que valia a pena partilhar.”

Vestergaard Frandsen

O nome não vos deve dizer nada. É uma empresa diferente com um modelo de negócios muito peculiar: “Profit for purpose”. Mas o melhor é eu deixa-los apresentarem-se…

Vestergaard Frandsen is a Europe-based international company specialising in complex emergency response and disease control products. It is guided by a unique Humanitarian Entrepreneurship business model, whose “profit for a purpose” approach has turned humanitarian responsibility into its core business of creating life-saving products for the most vulnerable.

Our commitment to the United Nations Millennium Development Goals (MDGs) drives our business objectives and provides the impetus for our continued focus on saving lives. We strive to develop disease-prevention interventions, which when implemented with our dedicated partners, contribute to the realisation of the MDGs. We are especially interested in addressing Goals 4 (reduce child mortality), 5 (improve maternal health), and 6 (combat HIV/AIDS, Malaria and other diseases), which play a critical role in the achievement of the MDGs.
Our products and concepts under the brand names PermaNet®, LifeStraw®, ZeroFly®, ZeroVector® and CarePack® have the potential to revolutionise health management as we know it, fighting preventable diseases and saving lives.”

Alguns dos produtos deles são realmente notáveis. Voltaremos a eles… Para já fiquem com o video…

Free cone day (ou quase…)

Não há muitos bares de praia na Costa Nova-Barra que tenham gelados Ben & Jerry’s mas o Posto 4 na Costa é um deles… Se ainda houver por aí alguém que tenha feito DPQ comigo nos últimos anos está convidado para um gelado esta tarde a partir das 16:00… Estaremos por lá perto a festejar o fim do ano lectivo e a oferta é válida até se esgotar o stock do bar…

Carros voadores

Há quem não esqueça de cobrar velhas dívidas…

“Caro Professor, provavelmente já não se lembra de mim, pois o tempo avança tão rápido, que já passaram 8 anos desde o terminus do curso de Engenharia Química. Estou a contactá-lo por uma situação engraçada. Lembra-se de lhe dizer que na nossa era haveríamos de conduzir um carro voador…Pois ai está, como prometi na altura envio o carro que já vai estar à venda no próximo ano. Resta saber se o vamos conduzir…

Carro voador vai estar à venda no próximo ano

por Renato Lopes, Publicado em 05 de Julho de 2010   

Usa gasolina normal, circula nas estradas e cruza os céus. Custa quase 160 mil euros e chama-se Transition

 

Foi aprovado recentemente pela Administração Federal de Aviação (FAA). É um carro-avião e vai ser comercializado por 194 mil dólares (cerca de 157 mil euros) no próximo ano. A obra de estimação da fabricante de aviões Terrafugia chama-se Transition e foi classificada pela FAA como “aeronave desportiva ligeira”, sendo portanto necessário o brevê de piloto desportivo para a conduzir.

O Transition foi desenhado tanto para os céus como para as estradas públicas, podendo ser estacionado numa garagem comum. Tem volante, vem com airbags, e consome gasolina normal de octanas elevadas. Um depósito deverá assegurar 50 quilómetros. Para levantar voo precisa apenas de um terço de uma milha, cerca de 500 metros, o que lhe permitirá usá-lo na sua rua: basta desdobrar as asas e preparar-se para levantar voo.

No ar, este modelo vai andar com a força de uma hélice traseira, conseguindo atingir os 185 km/h, com uma autonomia de 700 km. A empresa sublinha ainda que é um transporte seguro porque, em caso de mau tempo, pode viajar pela estrada. Este modelo é dirigido principalmente aos pilotos desportivos que se cansam de voar de aeroporto regional em aeroporto regional, tendo depois de apanhar um táxi, alugar um carro ou usar transportes públicos para se deslocarem em terra. Não servirá para transportar carga – só suporta cerca de 200 quilos, contando já com combustível e passageiros – mas é um veículo que vale por dois. Basta ajustar as asas à função. Renato Lopes

 Com os melhores cumprimentos:

 Paulo Pessoa”

Depois disto só me resta ir de férias… Até Setembro!!!

Leite fresco

Fresquíssimo… Melhor que reclamar que o que pagam não dá para a produção ou lança-lo pela rua em protesto, o importante é encontrar novos modelos de negócio que possam criar novos clientes…

Estas imagens tirei-as em França no final de Abril no exterior de um hipermercado em Pau. De acordo com a reponsável pelo negócio a máquina é de origem italiana onde haverá umas 5000 em actividade… Permite suprimir todos os intermediários entre o produtor e o cliente com vantagens óbvias para ambas as partes…

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Gladwell num piscar de olhos

Malcom Gladwell é dos meus autores favoritos. Os seus livros Tipping Point, Blink e Outliers são deliciosos e, como se diz em inglês, “unputdownable”… Não se conseguem parar de ler tão interessantes são os temas e abrangente o olhar do autor. Tipping Point (em portugês A Chave do Sucesso) é, entre outras coisas, sobre o funcionamento do marketing viral e de como as ideias se propagam e têm, ou não, sucesso. Blink é sobre como sabemos e tomamos decisões num rápido olhar inconsciente. Outliers começa por ser sobre pessoas extraordinárias e o que fez delas pessoas únicas, ou se quiserem de como o talento é menos importante do que o ambiente certo para ele se desenvolver.
Tive a oportunidade de trazer o último livro dele dos EUA “What the Dog Saw”. Colecção de crónicas e artigos na New Yorker, não parece ter um fio condutor mas aborda uma quantidade e diversidade de assuntos interessantes que são relevantes para o desenvolvimento de novos produtos desde o rei dos televendedores até à razão porque há muitas mostardas mas apenas um ketchup. Em época de feiras de livros ficam como sugestão os livros dele… Para abrir o apetite talvez esta palestra TED seja o ideal (ele escreve melhor do que fala, prometo-vos…) já com legendas em português… (Como o video no site da TED parece estar com problemas deixo também a versão do Youtube…)