3 em 1

Nas últimas semanas tivemos a divulgação de 3 resultados comparativos na Educação.  Já aqui se abordou cada um deles, mas agora e dada a oportunidade será “3 em 1” (os dois primeiros em:  http://iave.pt/np4/310.html):

Sobre cada um tem existido um conjunto variado de artigos de opinião em jornais e na blogosfera com ênfase em diferentes questões e “aproveitamentos político-partidários”  como se ilustram com os seguintes títulos (para aceder à notícia ou opinião completa clicar em cima do título):

De toda esta informação destaco 3 ideias:

  • Há uma melhoria clara dos resultados dos alunos Portugueses, com destaque para a Matemática; esta tem sido crescente e, no PISA, é caso único entre os países participantes.
  • Esta melhoria resulta de um conjunto de medidas políticas, com destaque para os Programas de Formação de Professores do 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico (CEB) a Matemática, Ciências e Português, entre 2005 e 2010, que influenciaram, muito provavelmente os resultados do PISA e Rankings. Mas,  tendo em conta que estas questões são complexas e multi-dimensionais, considero que o fator determinante para esta melhoria do sucesso escolar dos alunos nestas provas e comparações foi o profissionalismo dos Professores.
  • Se não forem tomadas medidas urgentes estes resultados dificilmente continuarão a melhorar, como já evidenciam os resultados dos alunos do 4.º ano de escolaridade a Ciências no TIMSS. Uma delas prende-se com uma revisão profunda do programa de Estudo do Meio do 1.º CEB, do início dos anos 90, que deve ser (re)visto em articulação com os programas e metas das Ciências Naturais do 2.º e 3.º CEB (sobre os quais na altura da sua discussão aqui deixamos a nossa discordância – “Parecer e Novas Metas de Ciências” (http://blogs.ua.pt/ctspc/archives/848).

Boas festas e com um ano de 2017 com êxito educativo para todos.

Relatório OCDE

A recente publicação da OCDE do relatório “Education Policy Outlook 2015” merece aqui também um artigo. Uma ideia central que destaco neste: o investimento em educação é cada vez mais importante para o desenvolvimento económico.

Além desta saliento aqui duas mais:

1. Sem os professores não é possível o êxito das reformas educativas nos 34 países da OCDE, nomeadamente no que se refere à qualidade do ensino e da aprendizagem.

2. O investimento na Educação terá de ser reforçado para permitir assegurar que uma maior percentagem da população portuguesa tenha acesso ao ensino superior – 19% em Portugal em comparação com os 39% em média nos países da OCDE -.

 

Quando serão estas ideias seriamente consideradas em Portugal?

Rua dos Professores, Bogotá, julho de 2014
Rua do Ensino, Bogotá, julho de 2014

 

Diferentes ângulos educativos

O tempo é inexorável. Após o último post houve vários assuntos ligados à educação que mereceram atenção e exigiam alguma reflexão aqui. Não tenho a veleidade de os tratar todos mas gostaria de os sintetizar com ilustração de alguns bons artigos de opinião que foram sendo publicados e divulgados na comunicação social portuguesa.

Destaco aqui 3:

  1. A investigação realizada na Universidade de Aveiro por Patrícia Silva veio apontar com clareza que os interesses partidários estão na base das nomeações para a administração pública. Além da consulta, logo que seja disponibilizada, do repositório da UA – ria.ua.pt aconselho a leitura do Jornal Online da UA (https://uaonline.ua.pt/pub/detail.asp?c=37282) e o excelente artigo de Manuel Loff sobre “Os novos condes de Abranhos” (ler em: http://www.publico.pt/politica/noticia/os-novos-condes-de-abranhos-1624328).
  2. A relação entre o sucesso educativo e os ambientes sócio económicos e culturais dos alunos e suas famílias tem vindo a ser reforçada. Aconselho dois artigos – a análise da OCDE aos últimos resultados do PISA, que está bem resumida em: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/tal-pai-tal-filho-1625982 e as condições e caraterísticas da família como fator sucesso educativo e de riqueza de um país, que é reforçada em http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1350&did=140249.
  3. As praxes. Assumo que sou contra tudo o que possa ofender a dignidade humana! Mas sou a favor de práticas integração criativas, solidárias e que permitam a coesão de grupo, como também tem acontecido (mas estimo que em número reduzido) em algumas praxes do ensino superior. A propósito de toda esta tragédia do Meco, não posso deixar de recomendar o artigo “Praxes do Meco: a educação ou no reino da estupidez” que foi também publicado no jornal público em: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/praxes-do-meco-a-educacao-ou-no-reino-da-estupidez-1623938 .

O que pensa(m) sobre estes assuntos?

Tundavala em Angola, 2013.
Tundavala em Angola, 2013.

Professores do Sec. XXI

Acaba de ser publicado um relatório “Teachers for the 21st Century -Using Evaluation to improve Teaching” (clique em cima do título para aceder ao documento completo) da OCDE, o qual apresenta dados e recomendações muito relevantes para a formação e avaliação de Professores. Com o propósito que esta sirva  para que as escolas possam atingir as suas metas destaco deste relatório:

  • Os quadros de referência para esta avaliação de Professores, de vários países, é promotor do seu Desenvolvimento Profissional e procura ter em conta a investigação em Educação que tem vindo a ser produzida. Veja-se o exemplo seguinte do Canadá (província de Ontario).

Captura de ecrã - 2013-03-03, 16.44.03

  • É proposto, como base na revisão do “mapa” de vários países em análise e de trabalhos de investigação, um “framework for teaching” com 4 componentes:

• planning and preparation: demonstrating knowledge of content and pedagogy, demonstrating knowledge of students, selecting instructional goals, designing coherent instruction, and assessing student learning;

• the classroom environment: creating an environment of respect and rapport, establishing a culture for learning, managing classroom procedures, managing student behaviour, and organising physical space;

• instruction: communicating clearly and accurately, using questioning and discussion techniques, engaging students in learning, providing feedback to students, demonstrating flexibility and responsiveness; and

• professional responsibilities: reflecting on teaching, maintaining accurate records, communicating with families, contributing to the school and district, growing and developing professionally, showing professionalism.

  • Da revisão feita o relatório conclui com as lições que se podem tirar até ao momento sobre a avaliação de Professores e que se sistematiza na caixa seguinte retirada da página 71 do relatório.

Captura de ecrã - 2013-03-03, 17.03.47

 

OCDE 2012

Acabam de ser publicados os novos indicadores da OCDE de 2012 sobre Educação (disponível em: http://www.oecd.org/edu/EAG%202012_e-book_EN_200912.pdf). Desta visão muito completa sobre os vários países da OCDE e de outros destaco:

  • Portugal está abaixo da média em muitos dos indicadores. Em alguns casos há muito trabalho a fazer; por exemplo, na página 31 está: “No country has seen growth above 5% for upper secondary and post-secondary, non-tertiary attainment. Only Portugal has seen growth rates above 4%.”
  • Em alguns casos os dados são, no mínimo, surpreendentes; ver por exemplo o gráfico da página 40 sobre as taxas de término do Ensino Secundário! Contudo, na página 108 está: “In Italy, Portugal, Turkey and the United States (lower left quadrant), more than 40% of young people from low educational backgrounds have not completed upper secondary education, and less than 20% of those young people have enrolled in tertiary education.”
  • Neste documento é dada relevância às nossas “novas oportunidades”. Todavia, como já aqui escrevi, é necessário um estudo rigoroso sobre o modo com funcionou, em todo o país, os resultados alcançados e fazer uma avaliação das aprendizagens realmente conseguidas!
  • A Educação vale a pena! Por exemplo, na página 163, confirma-se que: “In Austria, Ireland, Norway, Portugal, the United Kingdom and the United States, a man with an upper secondary or post-secondary non-tertiary education can expect a gross earnings premium of more than USD 200 000 over his working life, compared with a man who has not attained that level of education.”

IMG_3806

Novas Recomendações da OCDE

Puente del Arzobispo - Espanha, 6 de abril de 2012

A OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, no seu novo relatório avança com mais recomendações que o nosso país deve realizar na área da Educação, particularmente no que se refere às políticas de avaliação no sistema de ensino. Na sequência do que se tem aqui defendido destaco algumas ideias que me parecem, neste momento, muito relevantes:

– os alunos devem estar no centro do ensino e da atenção dos professores;

– apostar na monitorização dos programas e na avaliação rigorosa dos resultados obtidos;

– baixar os níveis de reprovação nas escolas, que são mais altos que a maior parte países;

– desenvolvimento de um sistema de apoio aos alunos com dificuldades de aprendizagem, para que possam efetivamente progredir;

– a avaliação dos professores deve estar mais centrada em formas de melhorar as suas práticas de ensino e menos na progressão na carreira;

– maior autonomia e poder de decisão dos diretores nas questões educativas;

– pese embora os progressos, as qualificações dos portugueses mantêm-se baixas em relação à média da OCDE.

Educação em tempos de crise

Acaba de ser publicado um documento de trabalho da OCDE que vale a pena consultar dado os tempos que vivemos. A sua referência completa é:

Damme, D. V. and K. Karkkainen (2011). OECD Educationtoday Crisis Survey 2010: The Impact of the Economic Recession and Fiscal Crisis on Education in OECD Countries. OECD Education Working Papers, No. 56, OECD Publishing.

e pode ser consultado aqui (OECD EDUCATIONTODAY CRISIS SURVEY 2010).

 

As grandes conclusões deste estudo não são negativas. Por exemplo a primeira referida no documento atesta:

The survey data does not portrait an education system dramatically affected by overall budget cuts. In countries where public investment in education has diminished, the effects are still very specific and concentrated, and vary across and within sectors of education.

De qualquer modo cruzando as linhas gerais na área da educação dos principais partidos portugueses com as orientações do documento da “Troika” será difícil que a recessão não afecte a educação; por exemplo, vejo com preocupação, no actual contexto económico e social, que as empresas valorizarem a educação, particularmente o esforço que é exigido na melhoria da qualidade do Ensino Profissional.