Dia em cheio

De manhã com uma apresentação para alunos das escolas secundárias mostrando resultados de alguns projectos dos últimos anos da disciplina de DPQ que interessaram muita gente presente…

De tarde uma visita á Mistolin onde foi possível ver em acção muitas das teorias e ideias que vou tentando passar sobre inovação e assistir ao fabrico de detergentes (com os agradecimentos ao RN)…

Os alunos deste ano foram uns felizardos tendo tido a oportunidade de contactar com mais gente e informação do que é costume… Parte sorte, parte esforço motivacional da parte deles sobre mim (nós…) que nos acordam do torpor para lhes proporcionar novas experiências… Às vezes esquecemo-nos todos como esta actividade é interactiva e como a motivação se cria por ambos os lados desta equação…

Tendências: Sénior

Não dá para tapar os olhos e os ouvidos… Não dá para ignorar quando casos destes acontecem… Não dá porque não são um incidente… Não são um acidente… Não são um caso isolado… Quando falamos de envelhecimento como tendência ficamos com a noção de que é uma coisa que vai acontecer daqui a muitos anos… Surpresa: Já cá está… Há vários anos… Lisboa é a capital mais envelhecida da Europa!!

Alguns números do censo de 2001 colectados da net: Cpom uma população de 564000 habitantes Lisboa tinha 134000 idosos (Vilaverde Cabral mencionava 37% da população acima dos 65 anos na TSF ao fim da tarde). Destes 45% têm mais de 75 anos… O número de idosos é o dobro dos jovens!!! Metade vive só (confirmava Vilaverde Cabral…) Quantas das nossas cidades são assim? Quantos cascos urbanos estão já terrivelmente envelhecidos? Quem pensa as cidades para estes habitantes? Quem pensa as necessidades deles? Quem pensa as suas especificidades? Porque ao olhar dos media eles são invisíveis, salvo quando resolvem criar estas situações angustiantes…

O envelhecimento populacional não é uma tendência a chegar daqui a uns anos, está já aqui no meio de nós… Quem a está a ver? Quem a está a pensar? Quem percebe que, além de tudo o mais, isto é uma imensa oportunidade de mercado subaproveitada? (Antes de se alarmarem com a minha frieza de pensar em negócios numa hora destas lembrem-se que pior que ser explorado pela sociedade de consumo é ser ignorado por ela… Se o mercado percebesse que está perante uma enorme oportunidade que lhe está  a passar ao lado certamente haveria menos situações como esta de hoje… Porque a solução para tudo isto não passa certamente por mais estado, ou mais segurança social, ou mais IPSS, mas pela sociedade e pelas forças do mercado perceberem que o mundo mudou…)

Fiquem outra vez com o apóstolo de um mundo novo, Tom Peters… Desta vez vejam a segunda parte do vídeo…

Inovação em Portugal

Na verdade nem tudo são más notícias por cá embora as boas tenham pouca visibilidade nos media.

De acordo com os resultados mais recentes do Innovation Union Scoreboard 2010 Portugal é o país que mais tem subido neste ranking multidimensional de inovação estando neste momento à cabeça do grupo de inovadores moderados à frente dos demais países do sul da Europa.  É verdade que ser o primeiro dos últimos não é um grande lugar e que continuamos abaixo da média da EU, mas quem tem seguido este assunto ao longo dosúltimos anos não pode deixar de se regozijar pelos progressos que temos feito nos últimos anos nesta área tão importante para o futuro das empresas e da economia nacional….

De um conjunto de 25 indicadores este estudo destaca o nosso país em Novos doutorados por mil habitantes entre 25 e 34 anos”, com o terceiro valor mais alto do estudo, e assinala ainda bons desempenhos nos indicadores “PMEs que inovaram no produto ou no processo” e “que introduziram inovação organizacional ou no marketing”. Estamos ainda bem posicionado nos critérios que medem o crescimento de indicadores como a Despesa I&D nas empresas, a percentagem dos jovens com idades entre 20 e 24 anos com pelo menos o Ensino secundário completo ou as PME inovadoras que colaboram com outras empresas. A despesa pública em I&D, as receitas de licença e patentes a partir do estrangeiro e a venda de inovações novas para o mercado e novas para as empresas são também destacados neste estudo.

33%

É a notícia destes dias. Manchete no Expresso, Oje e noutros jornais… Um terço das empresas estão a ser criadas por mulheres… Bem hajam… (Podem ler mais detalhes aqui)

PS Fica um video do Tom Peters cuja primeira parte é uma homenagem a todas elas

The Daily

Uma inovação disruptiva não se anuncia, reconhece-se pelos seus efeitos… No entanto há algumas inovações que no momento em que nascem anunciam um novo mundo. O iPad foi uma delas… O nascimento do The Daily pode ser outra. Apetecia-me apostar que estamos a ver aqui o nascimento de uma nova forma de media que mistura múltiplas abordagens dos media tradicionais e acrescenta algumas características novas… Let’s look at the trailer…

Job…less

Esta chegou-me por mail e acho que vale mesmo a pena

“Steve Jobs a alunos de Stanford :

”Não se deixem aprisionar pelos dogmas, pois isso é viver com o resultado do raciocinio dos outros. Não deixem que o ruído das opiniões alheias cale a vossa voz interior e, mais importante, tenham coragem de seguir os vossos impulsos e a vossa intuição. Porque, de alguma maneira, sabem o que querem. O resto é secundário” (Junho de 2005, in Visão (desta semana))”

Fazes-nos falta Steve Jobs….

Da invenção à inovação pela mão de Watt

Li na minha recente viagem a Londres o livro “Watt’s Perfect Engine” de Ben Mardsen sobre a invenção da máquina a vapor com condensador separado por James Watt. Merecia não um post mas uma longa aula sobre como se parte de uma ideia que se tem ao passear num jardim de Glasgow num domingo primaveril em 1765, para um extenuante desenvolvimento que leva a uma primeira patente em 5 de Janeiro de 1769, que em 1775, alguns milhares de libras de investimento mais tarde, e já com o segundo investidor que o primero entretanto tinha abandonado o negócio, seria estendida até 1800. É graças a esta extensão que em 1776 as primeiras máquinas a vapor saem da Boulton & Watt. Em 1778 a Boulton & Watt tinha dívidas de £42500 e vendas de apenas £4000. O caminho de uma ideia, por mais disruptiva que seja, e poucas houve na história da humanidade mais disruptivas que esta de James Watt que nos legou à revolução industrial, é penoso e exige uma enorme persistência, fé e visão… Mas até mesmo um homem de fé e visão se cansa. Em Novembro de 1785 Watt dizia “É tempo de parar de inventar coisas novas ou tentar criar algo que traga consigo algum risco… Vamos mas é fazer aquilo que sabemos e deixemos o resto para os jovens que não têm dinheiro ou uma reputação a perder…”

É verdade que James Watt e Boulton enriqueceram para lá de quanto poderiam imaginar com a patente e com o negócio da máquina a vapor, e de caminho mudaram o mundo. Mas essa mesma patente e a forma como fechou as portas ao progresso levou a que no final do século a tecnologia do vapor estivesse já mais desenvolvida na Europa continental do que na própria Inglaterra.

Uma história paradigmática que encerra em si o caminho que percorrem todas as ideias até chegarem ao mercado e o quanto têm que lutar para ai sobreviverem (com muitos lobbys e advogados à mistura…)

Yoomi, ou os bébés e os lead users

A pressão e as tensões nervosas da paternidade (ou no outro extremo a liberdade de ser avô) são motores fantásticos para a criação de inovações por lead users muitas das quais sob a forma de inovações disruptivas. Foi assim com a fralda descartável. Foi assim com o carrinho de bébé dobrável criado por um engenheiro aerónautico inglês, Owen Maclaren, e que se tonou um ícone do design. Foi assim com o biberão “auto-esquentável” (sugestões para self-warming são bem vindas).

Há dias, a ler no metro o jornal do vizinho por cima do ombro, como é meu hábito, descobri a história de como Jim Shaikh cansado de noites mal dormidas a aquecer o biberão de um filho prematuro criou o Yoomi e está a torna-lo um negócio milionário. Talvez o ideal seja escutar a história contada pelo seu próprio criador que podem encontrar aqui.

Se quiserem mais detalhes podem encontrar a noticia que me fez descobrir este produto aqui. Vale a pena ler para ver o percurso de invenção a inovação, que hoje passa forçosamente pela China…

Notem a descrição do funcionamento do biberão na imagem abaixo… Estaria ao alcance de qualquer (futuro) engenheiro… Em 2009 tive um projecto de alunos que tentavam fazer algo deste tipo mas para arrefecer uma bebida… O conceito de funcionamento, com uma palhinha, era semelhante…

Asian medical innovation

Por vezes há coisas que nos despertam e dão vontade de partilhar… Como este artigo que acabei de ler na Economist de 22/1 sobre a inovação em tecnologia médica na Ásia… Já cá tinha escrito sobre o assunto, mas a importância de termos consciencia dele é demasiado grande, sob múltiplos aspectos, para não voltar a ele…

Life should be cheap
How China and India can help cut Western medical bills
…Frugal innovators in China and India are making medical devices that are cheaper—sometimes by an order of magnitude—than their Western equivalents. Companies such as China’s Mindray and India’s TRS serve home markets that include vast numbers of people for whom every yuan or rupee counts. So these companies focus relentlessly on reducing costs. They create products that are stripped to their essentials: scanners that cost $10,000 rather than $100,000; portable electrocardiographs that cost $500 instead of $5,000.

These devices are not merely cheap knock-offs of Western designs. Often they are just as effective as the gold-plated kit used in the West, yet they are rarely found in rich-world hospitals. Their absence helps explain the massive disparity in costs between Western and emerging-world treatments. A night in an American hospital typically costs 25 times as much as a night in an Indian, Brazilian or Chinese one; a night in a European hospital typically costs four times as much.

Western medical-device firms are well aware of eastern innovation. Indeed, firms such as GE Healthcare, Philips and Medtronic are investing heavily in China and India: setting up research centres, hiring local talent and developing frugal inventions of their own, which they gleefully sell both locally and in other emerging markets. Alas, they are not rushing to market such thrifty ingenuity back in America or Europe.

Two main factors keep cheap devices out of Western markets. One is the muting of price signals. Health care is not an efficient market in the rich world because—be it in Europe, where the state typically pays the bills, or in America, where private insurance companies do—the customer does not have to shop around. Patients neither know nor care how much anything costs, so they demand the best of everything, which is wonderful for the makers of hugely expensive equipment.

A second factor—which applies more in America than in Europe—is red tape. America’s Food and Drug Administration (FDA) is excessively risk-averse: it often takes twice as long to approve a new medical technology as European regulators do. America’s confusing approvals process deters upstart medical-technology firms, since they typically lack the deep pockets and army of experts required to navigate it. And for a device to succeed in America it must be blessed not just by the FDA but also by the bureaucrats who oversee Medicare and Medicaid, the two huge government health-care schemes. Obtaining that blessing can take years.

Frugally does it

Just as the appearance of cheap, well-engineered Japanese cars disrupted Western car markets, so the rise of frugal technology could transform the market for medical devices. Western politicians need to encourage this to happen. By turning their governments into better purchasers and by eliminating the barriers that discourage the sale of cheap technology in the rich world, they could bring down the cost of health care. That should earn them the gratitude of patients, taxpayers and workers—in other words, voters.”

Um blog sobre inovação, tendências e novos produtos