A tendência Gourmet é a principal responsável pelas redefinições de imagem associadas aos produtos dos posts anteriores… O confronto com as belas embalagens de produtos que chegavam do estrangeiro, e a possibilidade de atingir mercados que permitissem subir na escala de valor têm sido os grandes impulsionadores de alguma melhoria que se observa actualmente em vários produtos ligados à área alimentar. Moda passageira ou tendência mais duradoura a verdade é que creio que a sua influência veio para ficar… Mas como dizem os especialistas em mercados de valores quando os taxistas começam a interessar-se pelo mercado de capitais está na hora de sair dele… Por analogia poderiamos dizer que quando as grandes superfícies se interessam pelo Gourmet isto significa que este tipo de oportunidade de negócio destas já passou… A abertura do linear Gourmet do Continente, incluindo uma marca própria de Continente Gourmet, é o sinal da comoditização deste mercado…
PS: (Em resposta a um comentário que me chegou…) A mensagem não é que a tendência, o mercado gourmet, ou os produtos para o mercado gourmet estejam esgotados… O que está esgotado é o tempo e a oportunidade para se criar lojas Gourmet… A menos que tragam alguma inovação em relação ao que existe actualmente no mercado…
No “i” de ontem a revista sobre nostálgicos e a nostalgia…
Nos jornais desta semana a notícia da Super Bock a aproveitar os contentores vazios que regressam à China para exportar cerveja… A globalização é um jogo que pode ser jogado para ambos os lados… Traz ameaças mas também oportunidades para quem as souber aproveitar… Feliz de quem como a UNICER é capaz de o perceber…
Pois isto dos posts é como as cerejas… Um produto lembra outro… A Ervital é uma empresa semelhante ao Cantinho das aromáticas mas ainda mais focada em plantas aromáticas e medicinais. É também mais antiga, mas sobretudo localizada no Mezio, em plena Serra de Montemuro… Hoje fica ao lado da autoestrada mas durante muitos anos era no meio de nenhures… E foi isso que sempre me despertou o interesse pelas gentes daqueles sítios e a sua capacidade empreendedora… É incrível como, com a ajuda certa, aqueles cerros agrestes originaram não apenas a Ervital mas também as Capuchinhas e as Lançadeiras de Picão, redefinindo o burel e as suas potencialidades e aplicações, e até o fantástico Teatro Regional da Serra de Montemuro (Não Conhecem?!! Não sabem o que estão a perder…) Globalização também é isto… Permitir que as boas ideias floresçam em qualquer lado, assim haja paixão e querer… Ainda tenho para aí uma das antigas embalagens deles, um prosaico saco de plástico com uma etiqueta manuscrita… Reencontrei-os na mesma feira de Serralves… Com a mesma abordagem em termos de imagem do Cantinho das aromáticas… Não repito os comentários… Antes deixo o desafio de que descubram os empreendedores e os produtos da Serra de Montemuro… E se por lá forem no Carnaval não deixem de dar um salto a Lazarim…
Por falar na Vera lembrei-me do Cantinho das aromáticas… Ela era uma apaixonada por este horto (se calhar ainda é…) É uma quinta alí para o Canidelo, em Gaia, que começou por vender plantas aromáticas e produtos de agricultura biológica há já alguns anos… Foi lá que comprei as plantas do meu jardim de aromáticas, os jasmins que me perfumam os fins de tarde, as espargueiras e o funcho, e o material para as minhas infrutíferas tentativas agrícolas… Este Verão redescobri os condimentos e tisanas deles em novas e lindíssimas embalagens na feira de produtos biológicos em Serralves… É tão fácil tornar um produto, mesmo que trivial, em algo apetecível que custa a perceber a dificuldade que tantas empresas têm em o fazer… Mas os produtos do Cantinho das aromáticas não se resumem a uma bela embalagem e cavalgam várias tendências contemporâneas… Não vou alongar-me… Pensem nisto…
Tarde de compras no Ikea e depois sou arrastado para os saldos no Norte Shopping… Tento encontrar algo que me distraia no meio do stress das compras… Os expositores da Renova com as suas cores vivas recordam-me a visita à fábrica e a interessantíssima discussão com o responsável pelo desenvolvimento… As máquinas de venda automática ainda merecerão um post um destes dias… O subito aroma de uma fragrância fresca que me invade as narinas traz-me a Vera e a Paula da I-Sensis à memória… Estamos em espaço perfumado por elas…
A I-Sensis é uma empresa muito interessante que se dedica à produção de perfumes para uso pessoal ou aromatização de ambientes e marketing olfativo. O método de desenvolvimento de perfumes foi desenvolvido pela minha amiga Vera Mata durante o seu doutoramento e é um caso de estudo no desenvolvimento de produtos químicos. Desenvolvem não apenas os perfumes mas também os difusores… São uma daquelas muitas empresas de que nos deviamos orgulhar mas de que raramente ouvimos falar… O novo perfume do José António Tenente foi desenvolvido por elas…
Bundanoon… O nome não vos deve dizer nada… É uma pequena vila algures na Austrália que chamou a si a atenção do mundo ao tornar-se na primeira localidade a interditar a venda de água engarrafada… Este assunto é interessante sobre múltiplos pontos de vista… Vou abordar muito rapidamente dois… Águas são um tema que me fascina. Acho incrível como se consegue vender de tantas formas diferentes, e hoje em determinadas situações com um enorme valor acrescentado, um produto que está ao alcance de todos (pelo menos no mundo ocidental, onde o consumo de água engarrafada tem expressão) com qualidade adequada, bastando abrir uma torneira… O número de marcas, tipos e formas de vender água engarrafada é um hino à capacidade criativa do homem… Até recentemente o consumo de água engarrafada vinha conhecendo um crescimento muito interessante mas tem estado sobre ataque nos últimos anos por causa do seu impacto negativo no ambiente… Daí que as garrafas reutilizáveis para água, em alumínio ou aço, tenham vindo a encontrar um enorme acolhimento no mercado internacional… A Sigg é uma das empresas que agarrou bem esta tendência e está já presente no mercado português… Creio que nos próximos anos a tendência para a utilização de garrafas reutilizáveis deverá crescer, até por contaminação de comportamentos a partir dos EUA onde se está a tornar muito popular… Daqui até a um comportamento colectivo como o de Bundanoon vai um pequeno passo, cada vez menos difícil de dar atendendo às proibições por motivações ambientais ou de saúde que temos visto no mundo nos últimos anos…
Um outro aspecto desta história tem a ver com a capacidade que o consumidor hoje tem, com os meios de comunicação que estão ao seu alcance, para influenciar o comportamento dos outros consumidores e das próprias empresas. O monólogo do marketing está-se a transformar num diálogo em que frequentemente o mais fraco consegue impor o seu ponto de vista… A coragem da acção de uma pequena vila australiana face à Coca-Cola e o impacto internacional que teve o seu gesto são um exemplo marcante e que merece ser seguido com atenção…
Relembrem-se que o importante para quem desenvolve produtos não é estar ou não de acordo com as tendências sociais mas perceber como é que elas afectam os seus negócios… E normalmente cada vez que se desaparece o interesse por um produto abrem-se outras oportunidades de negócio…
Com o dia de Reis que se celebra hoje termina-se mais este ciclo das festas e em jeito de despedida gostaria de vos deixar este vídeo da equipa de marketing da TAP com uma flash mob no aeroporto de Lisboa… Este tipo de iniciativas estão-se a tornar cada vez mais frequentes mas não tanto que não mereçam ser registadas e em Portugal será das primeiras (se não mesmo a primeira) organizada de forma oficial por uma empresa com objectivos de marketing… E como a inovação não se limita ao produto aqui fica com os votos de um Bom Ano para todos, cheio deste espirito festivo…
Este é mais um que me caiu na caixa de correio… Não sei o que vale este Blaudus como vinho mas a Artwine é um exemplo de como cuidar da imagem e da marca através da protecção da PI num mercado complicado…
Frequentemente a inovação não está no produto mas na ideia de negócio… A Simple Fruit (notem o (R)) vende um produto velho como o mundo: fruta fresca, mas a ideia de negócio é fantástica de tão simples… Pena que ainda não tenha chegado a Aveiro…
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