28 de fevereiro, 14h45 | Sala de Reuniões e Tradução, Edifício Central da Reitoria
No próximo dia 28 de fevereiro, pelas 14h45, realizar-se-ão, na Sala de Reuniões e Tradução do Edifício Central da Reitoria da Universidade de Aveiro, as provas do Programa Doutoral em Educação de Maria José de Oliveira Rodrigues Carvalho com o título: “Aprendizagem de estatística no 3.º ciclo do ensino básico: o caso do tema diagramas de extremos e quartis”.
Maria Carvalho é orientada pela Professora Doutora Adelaide Freitas (UA, Departamento de Matemática) e coorientada por José António Fernandes (UM, Instituto Superior de Educação).
Seguem o resumo e palavras-chave disponibilizados pela doutoranda.
Resumo:
“Esta investigação trata da aprendizagem de Estatística no 3.º ciclo do ensino básico e foca-se especialmente na aprendizagem do tema Diagramas de extremos e quartis, do 8.º ano de escolaridade. O estudo desenvolveu-se em três fases: diagnose, implementação e avaliação, seguindo-se uma abordagem mista, isto é, combinando abordagens quantitativas e qualitativas. Na fase de diagnose estudaram-se as respostas dadas por 332 alunos, de 18 turmas do 8.º ano, a um teste diagnóstico com questões sobre os temas Funções e Estatística e formuladas em contexto gráfico e tabelar. Nesta fase do estudo averiguou-se a existência de possíveis relações entre as dificuldades sentidas pelos alunos no tema Funções e no tema Estatística, procedendo-se também à análise semiótica das respostas dos alunos. Estes mesmos alunos responderam também a uma escala de atitudes, construída com base numa adequação da escala de Estrada (2002), com vista a avaliar as suas atitudes em relação à Estatística, sendo que esta escala adaptada será aplicada aos alunos da turma intervencionada. Na fase de implementação procedeu-se à análise descritiva das respostas dos alunos da turma 8.º ano que participou na intervenção de ensino sobre Diagramas de extremos e quartis, em que se privilegiou o recurso a situações-problema do quotidiano, em contexto gráfico e tabelar, incluídas em fichas de tarefas, o trabalho em díade e a autonomia dos alunos na sala de aula. Na terceira fase realizou-se a avaliação da intervenção de ensino, que incluiu a avaliação dos conhecimentos e das atitudes dos alunos, após a implementação da intervenção de ensino, e o estudo da idoneidade didática da intervenção, a priori e a posteriori, neste último caso recorrendo às ferramentas teóricas do Enfoque Ontossemiótico do conhecimento e do ensino da Matemática.
Na globalidade das três referidas fases do estudo formularam-se as seguintes questões de investigação:
1. As dificuldades de alunos do 8.º ano na interpretação gráfica e tabelar de funções repercutem-se nas suas dificuldades nos conteúdos estatísticos?
2. Quais as atitudes em relação à Estatística dos alunos do 8.º ano das escolas envolvidas na fase de diagnose?
3. Numa intervenção de ensino privilegiando a representação gráfica e tabelar dos dados em situações do quotidiano favorece a aprendizagem de Estatística no 8.º ano?
4. As dificuldades de alunos do 8.º ano na interpretação e análise da representação gráfica e tabelar das medidas de localização repercutem-se nas suas dificuldades, de construção, interpretação e análise dos Diagramas de extremos e quartis?
Para responder às questões de investigação, na vertente quantitativa, codificaram-se as respostas em: resposta correta (C), parcialmente correta (PC) e incorreta (I), além das não respostas (NR); na vertente qualitativa recorreu-se à análise de conteúdo, estabelecendo-se categorias de respostas aquando da análise dos dados.
Da análise global dos resultados, ressalta que: i) existe associação entre as dificuldades dos alunos em Funções e Estatística e entre conceitos estatísticos mas esta não se revela ser forte; ii) a adaptação da escala de atitudes revelou ter boas características psicométricas e o constructo atitude ser multidimensional com quatro fatores: Discernimento e Conceção Estatística, Disposição e Valorização da Estatística, Comportamento e Utilidade da Estatística e Aptidão no Estudo da Estatística; iii) a estratégia de ensino revelou-se profícua na medida em que os resultados obtidos, em comparação com os obtidos na fase de diagnose, foram globalmente superiores, registando-se uma menor incidência de conflitos semióticos e verificando-se ainda uma maior predisposição para a aprendizagem da Estatística, de acordo com os resultados obtidos na aplicação da escala de atitudes, antes e depois da intervenção de ensino; iv) após a intervenção de ensino, as dificuldades dos alunos na interpretação e análise, em representação gráfica e tabelar, de medidas de localização diminuíram de forma notória, embora o mesmo não tenha acontecido no caso do Diagrama de extremos e quartis, constatando-se que as dificuldades na construção deste tipo de representação residem na análise da dispersão e simetria e estão relacionadas com a má escolha da escala e a falta de rigor da sua construção. Finalmente, na análise das respostas, verificaram-se erros a nível dos conceitos, dos procedimentos e da linguagem.
Recomendações emergentes do estudo apontam para a necessidade de dar maior atenção à lecionação do tema Diagrama de extremos e quartis, com base na exploração de mais situações-problema envolvendo os conceitos implicados. Recomenda ainda especial atenção à predisposição para a aprendizagem da Estatística, porquanto esta pode influir na aprendizagem dos conceitos estatísticos.”
palavras-chave: Aprendizagem de Estatística, atitudes em relação à Estatística, diagramas de extremos e quartis, intervenção de ensino, alunos do 8.º ano