Conceição Siopa (CIDTFF) & Luísa Álvares Pereira (CIDTFF) | In Indagatio Didactica, 9 (2), pp. 351-366

Resumo:

“Num contexto multilingue como o de Moçambique, em que a língua portuguesa é uma língua segunda, as perceções que os estudantes desenvolvem sobre a escrita podem desempenhar um papel importante no aprofundamento das suas competências de escrita, o que na universidade pode ser determinante para o sucesso académico (Barbeiro, L.; Pereira, L. & Carvalho, 2015; Castellotti & Moore, 2002; Lonka et al., 2014). Neste sentido, este estudo visa conhecer o perfil linguístico, as perceções e experiências de escrita de estudantes universitários moçambicanos, ponto de partida de uma pesquisa mais vasta sobre o ensino da escrita académica baseado no género textual. A metodologia utilizada consistiu na aplicação de um inquérito por questionário, desenhado e validado como instrumento de pesquisa, preenchido por 162 estudantes de uma universidade pública moçambicana. Os dados foram analisados de forma qualitativa e os resultados revelam três principais conclusões: Primeiro, a diversidade linguística destes estudantes com 18 línguas maternas. Segundo, a escrita na escola secundária parece ser uma atividade centrada no professor, mais do que uma experiência de escrita centrada no aluno. E, por último, a perceção destes estudantes dos seus sentimentos face à escrita que incluem medo, ansiedade, nervosismo, insegurança, incerteza e responsabilidade. Neste sentido, as conclusões deste estudo apontam para a importância de compreender como a escrita é ensinada e como o método adotado pode estar relacionado com o modo como os sujeitos do estudo se relacionam emocionalmente com a escrita, aspeto importante para gerir a sobrecarga cognitiva inerente à complexidade da produção textual em contexto académico.”

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