13 dezembro, 2021 | 10h00 | Auditório B0.02, Blocos Laboratoriais, UTAD
Realizam-se no dia 13 de dezembro de 2021, pelas 10h00, na Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), as provas do Programa Doutoral em Didática de Ciências e Tecnologia de Aldina da Conceição Rodrigues, com o título “A Criatividade Matemática nos Processos de Raciocínio Geométrico: um estudo de caso no 3.º Ciclo do Ensino Básico”.
Aldina Rodrigues é orientada pelas investigadoras do CIDTFF Paula Catarino (CIDTFF, UTAD), Ana Paula Aires (co-orientadora, CIDTFF, UTAD) e Helena Campos (co-orientadora, CIDTFF, UTAD).
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Resumo:
Algumas investigações, tais como Leikin (2009) e Leikin et al. (2013) reconhecem que é necessário promover a criatividade matemática no ensino. O desenvolvimento da criatividade passa pelo uso de diferentes metodologias que recorram a tarefas matemáticas que despertem a criatividade do aluno, tendo este um papel ativo e autónomo na sua aprendizagem.
Esta investigação teve como objetivo, numa primeira fase (Fase I) a análise prévia das conceções acerca dos conceitos (autoconceitos) de criatividade e criatividade matemática de um grupo de alunos do 3.º Ciclo do Ensino Básico (CEB), e um estudo exploratório destas conceções no Ensino Secundário (ES) numa perspetiva de análise da mudança do Ensino Básico para o ES. Numa segunda fase (Fase II) o objetivo centrou-se numa análise das dimensões da criatividade matemática (fluência, flexibilidade, originalidade e elaboração) nos processos de raciocínio geométrico de alunos do 7.º e 9.º anos de escolaridade do 3.º CEB na resolução de tarefas em contexto de uma sequência de aprendizagem.
Assim, analisaram-se as conceções de um grupo de alunos da autora investigadora constituído por uma turma do 7.º ano de escolaridade (designada por turma A), duas turmas do 8.º ano (designadas por B e C), e duas turmas do 9.º ano de escolaridade (designadas por turmas D e E). Para a finalidade da Fase II foram usadas metodologias de ensino que incentivassem o pensamento criativo dos alunos optando-se pelo uso de tarefas matemáticas (particularmente as de exploração e de investigação) favoráveis ao desenvolvimento da criatividade para permitir a posterior o desenvolvimento da criatividade na matemática. Na Fase II tivemos como objetivo avaliar as evidências das dimensões da criatividade matemática nos processos de raciocínio geométrico dos alunos do 9.º ano de escolaridade, turmas D e E do ano letivo de 2014/2015, e 7.º ano de escolaridade, turma A, do ano letivo 2013/2014, com e sem o uso respetivamente do software GeoGebra. No ano de final de ciclo foi feita à análise da integração do GeoGebra na aula de Matemática e da contribuição desta ferramenta para a aprendizagem dos conceitos.
A metodologia de investigação foi de natureza qualitativa e interpretativa, na modalidade do estudo de caso. Este caso era múltiplo, constituído por três casos, do 3.º CEB, aqui designados, por Caso I, Caso II e Caso III, de cada um dos diferentes anos de escolaridade (7.º, 8.º e 9.º anos de escolaridade) deste Ciclo de Ensino. Na Fase I fez-se um estudo das conceções dos participantes nos três casos e na Fase II o estudo efetuado foi sobre as evidências da criatividade matemática nos processos de raciocínio geométrico em dois dos casos, Caso I e III (7.º e 9.º anos de escolaridade). Os instrumentos de recolha de dados foram essencialmente, o
inquérito por questionário e as tarefas matemáticas com as produções dos alunos. Os momentos temporais para a recolha dos dados na Fase II corresponderam ao período de lecionação dos conteúdos matemáticos e à duração das aulas (tempos em minutos) em que foram realizadas as tarefas matemáticas. A análise dos dados baseou-se na análise de conteúdo das respostas dos participantes ao inquérito por questionário e às tarefas matemáticas, mediante a formulação de categorias de análise.
Os resultados mostraram que os participantes do 3.º CEB tiveram conceções divergentes do conceito de criatividade, pois no Caso I (7.º ano de escolaridade), a criatividade esteve associada à categoria “Imaginação” e nos Caso II e III (8.º e 9.º anos de escolaridade), à categoria “Criar algo de novo e diferente”. Nas conceções de criatividade matemática, os resultados registaram conceções distintas em que os alunos dos Casos I e II reconheceram a sua conceção inserida na categoria “Ambiente de aula” e no Caso III na categoria “Inovação”.
Relativamente à avaliação da criatividade matemática, nos processos de raciocínio geométrico, concluiu-se que os participantes do Caso I evidenciaram as dimensões “fluência” e “flexibilidade”, embora não tivessem apresentado raciocínios com “originalidade” e “elaboração”. Contudo, os alunos participantes do Caso III (9.º ano de escolaridade) só apresentaram raciocínios geométricos criativos “fluentes” e com alguma “elaboração”. A dimensão “flexibilidade” não foi evidenciada, porquanto não se verificou um número significativo de resoluções distintas no conjunto de respostas dadas neste grupo de alunos. Como motivo de integração do software GeoGebra associaram-no à categoria “Aprendizagem” e às contribuições à categoria “Facilidade de compreensão”.
Do cruzamento das conceções com as variáveis (idade, género, desempenho escolar e contexto escolar) das características dos participantes, estas tiveram influência em alguns casos. Na criatividade matemática nos processos de raciocínio geométrico, o género e o desempenho escolar influenciaram as dimensões “fluência” e “flexibilidade”.
Palavras-chave: Criatividade Matemática, Criatividade, Raciocínio Geométrico, Conceções, Tarefas de Exploração e Investigação, 3.º ciclo do Ensino Básico, Ensino Secundário.