27 abril, 2023 | 9h30 | Sala de Reuniões e Tradução, Edifício Central e da Reitoria da Universidade de Aveiro

Realizam-se no dia 27 de abril de 2023, pelas 9h30, na Sala de Reuniões e Tradução do Edifício Central e da Reitoria da Universidade de Aveiro, as provas do Programa Doutoral em Multimédia em Educação de Ângelo Manuel da Silva Conde, com o título “Falar em Público – as perceções indiciam o sucesso do orador: um estudo exploratório por meio de vídeo em Educação”.

Ângelo Conde é orientado por Sandra Soares (William James Center for Research-Aveiro; Departamento de Educação e Psicologia, Universidade de Aveiro), António Moreira (CIDTFF; Departamento de Educação e Psicologia, Universidade de Aveiro) e Paulo Ferreira (Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro; Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática, Universidade de Aveiro).

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Resumo:

Numa sala de aula, as competências de comunicação de um professor são centrais para o processo de ensino-aprendizagem. Dentre estas, a sua capacidade de falar perante os seus alunos, de falar em público evidencia-se.  

Enquanto, observadores este orador geramos uma série de julgamentos sociais, instantâneos e inconscientes (somente em 100 ms), que moldam as nossas primeiras impressões sobre este. Concomitantemente, experienciamos uma resposta emocional ao seu discurso. Todos estes processos cognitivos assentam na perceção da sua linguagem não-verbal (LNV). Já o nosso grau de interesse do assunto é um processo cognitivo mais reflexivo.

Este estudo multidisciplinar procura investigar, sob uma tripla perspetiva integrada – a cognição social (as primeiras impressões) o efeito emocional no público; e a influência da LNV nestes dois fatores e sobre o próprio público –, quais são as melhores inferências sociais e elicitações emocionais, baseadas na LNV, capazes de indiciar o sucesso de um orador, enquanto comunica com o seu público. Isto com o propósito final de dar um contributo para o aperfeiçoamento da capacidade de comunicação em educação, tanto de professores, como dos docentes em formação, sem esquecer os próprios oradores em público.

Para tal, recorreu-se a um plano de investigação Não Experimental /Descritivo, quantitativo, sob uma abordagem exploratória recorrendo a um conjunto de miniquestionários computacionais. Através destes miniquestionários avaliamos 36 pequenos vídeos educativos (18 fem. e 18 mas.) de oradores por 98 participantes (60 fem. e 38 mas.). Destas avaliações resultaram dois perfis distintos de oradores:

(1) os «bons oradores» são os que têm a capacidade de melhor gerir as suas impressões (mais confiança, comunicatividade e dominância), de suscitar mais agradabilidade e mobilização emocional, de articular fluidamente a sua expressividade não-verbal (expressão gestual, dinâmica tonal da voz e expressividade facial), de criar um maior interesse no seu tema e evitam usar objetos de apoio ao discurso nas mãos;

(2) os «oradores inábeis» têm mais dificuldades em gerir as suas impressões no público (menor confiança, comunicatividade e dominância), elicitam uma menor agradabilidade e ativação emocional na audiência, tendem a uma menor expressividade não-verbal (gestos, voz e expressão facial), espoletam um menor interesse no público e tendem a usar objetos de apoio ao discurso. Além disso, as oradoras femininas inábeis são reputadas como piores que os discursantes masculinos inábeis.

Globalmente, no plano das qualidades performativas (índices compósitos) existe um viés do sexo dos preletores: os oradores masculinos são percecionados como melhores que as discursantes femininas pelo público (fem. e mas.).

Em termos de indicadores individuais, usados na investigação (18 variáveis de avaliação), com capacidade de previsibilidade só as atribuições sociais da Confiança, da Empatia, da Afetuosidade, da Comunicatividade e da Assertividade anteveem em muito a proporção da variabilidade da Agradabilidade emocional.

Ao nível da qualidade performativa (índices compósitos) dos oradores, as Primeiras Impressões antecipam o Efeito Central emocional, ainda que, num menor grau, também, os Canais Expressivos indiciam as Primeiras Impressões.

Palavras-chave: professores; comunicação em educação; falar em público; oradores; inferências sociais; emoções; linguagem não-verbal; vídeo; julgamentos sociais; avaliação percetiva; indiciadores de desempenho.