Cristina Felizardo, investigadora do CIDTFF e doutoranda do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro, foi convidada a comentar, como terapeuta do luto, um caso de luto traumático no programa “Goucha” de 5 de dezembro de 2023.

No primeiro de dois momentos do programa, disponíveis no TVI Player, a investigadora, falou sobre o que a levou a enveredar sobre esta área de ação e de investigação.

No segundo segmento, comentou, como especialista na área, o caso a ser apresentado e analisado no programa, contribuindo desta forma para a compreensão e aprendizagem sobre o tema.

Sobre o Luto Traumático:

O luto é um fenómeno natural e inerente à vida que decorre de uma perda significativa. Por vezes a perda pode acontecer em circunstâncias traumáticas, ou seja, pode ser um acontecimento tão angustiante, extremo e intenso na vida de uma pessoa, que dificulta a sua capacidade em adaptar-se à situação, impactando a sua vida de forma negativa e persistente, o que acaba por perturbar o processo natural do luto.

Falamos do caso de uma perda súbita, inesperada e/ou violenta, como por exemplo, morte por acidente, suicídio, overdose, homicídio, ataque terrorista, etc. Pode, também, acontecer em situações de luto antecipatório, particularmente nas situações em que a pessoa testemunha a morte lenta e agonizante do seu ente querido, agravando o seu sentimento de impotência.

Os sintomas mais comuns após uma perda traumática são os pensamentos intrusivos ou flashbacks, pesadelos, negação, evitar falar sobre o assunto, sentimentos exacerbados de raiva e medo, culpa de sobrevivente, ansiedade, angústia, hipervigilância, entre outros.

Algumas estratégias podem ajudar na adaptação à perda traumática, como por exemplo, visitar o local onde a perda aconteceu, para diminuir a descrença e a negação, viver as emoções na sua plenitude ao deixar sair a tristeza, falar com alguém sobre os pensamentos intrusivos que atormentam dia e noite, canalizar a raiva para o esforço físico através do desporto, perpetuar rituais de homenagem e celebração do ente querido, praticar mindfulness ou técnicas de relaxamento; e, eventualmente, procurar ajuda especializada no apoio ao luto e trauma.

Convidamos a saber mais sobre a ajuda especializada em oluto.web.ua.pt, plataforma criada por Cristina Felizardo, no âmbito do seu projeto de doutoramento orientado por Paula Santos (CIDTFF, DEP, UA) e Margarida Cerqueira (CINTESIS, ESSUA), na qual tem vindo a desenvolver e dar a conhecer várias iniciativas e recursos sobre o tema.