Idália Sá-Chaves (CIDTFF) | Supervisão, Liderança e Inclusão, pp. 13-30
Resumo
“Considerando a natureza dinâmica dos conceitos, pretende-se com esta reflexão aprofundar e atualizar o conhecimento acerca do conceito de Supervisão, tendo como referente os desenvolvimentos que, nas últimas décadas, têm vindo a ocorrer no âmbito da reconceptualização dos paradigmas de formação. Ou seja, numa fase de transição paradigmática no que se refere às conceções de formação e de desenvolvimento (pessoal, profissional e humano) pretende-se, nesse contexto, fazer uma (re)leitura da matriz do conceito de Supervisão, tentando encontrar nela indicadores que ajudem a melhor compreender esta área do conhecimento como um campo de pensamento e de ação (multi)referencial mas próprio. Destacamos nesta abordagem alguns pressupostos que enquadram e norteiam as propostas e fundamentam as leituras que entretecem as lógicas e as tessituras da própria reflexão. O primeiro refere-se a esta mesma natureza evolutiva da matriz concetual, diretamente relacionada com os contributos aduzidos pela investigação no âmbito das Ciências Sociais e Humanas e que releva o carácter dinâmico e expansivo do próprio conceito. Um segundo pressuposto assume que os conceitos são sistemas complexos de natureza (multi)referencial que recolhem de múltiplas áreas de conhecimento contributos indispensáveis à sua inteligibilidade. Por fim, e acentuando esta perspetiva desenvolvimentista, um princípio de inacabamento que, mantendo em aberto a perspetiva de evolução, garante a continuidade de desenvolvimento e de aprimoramento do próprio conceito e, em coerência, das práticas que lhe estão associadas. O texto está organizado em duas partes, referindo-se a primeira à consideração de algumas das mudanças que diferenciam cada um dos paradigmas de formação e que influenciam quer as diferenças conceptuais, quer as escolhas que possam ser feitas pelos profissionais na sua ação formativa. A segunda, apresentando uma leitura complexa e multidimensional do próprio conceito de supervisão considerados e integrados desde logo os contributos que, sustentados pela investigação, foram emergindo. Por fim, em anexo único, apresenta-se uma representação global dessa reconceptualização que deixa em aberto e em ponderação as opções estratégicas que possam continuar a ser convocadas para a praxis supervisiva.”