Karla Andréa da Silva, Lurdes P. M. Nakala, Maria Cléa Nunes & Teresa Bettencourt | In Pelos Mares da Língua Portuguesa 3, pp. 1203-1216

 

Introdução:

“O panorama atual, na denominada “sociedade da informação” ou “sociedade do conhecimento” (Castells, 2005) exige cada vez mais da escola o compromisso em educar o aluno para um nível de leitura que ultrapasse a alfabetização e que possibilite a literacia, princípio básico da autonomia de um sujeito reflexivo (Soares, 2004).

Assim, a escola procura, através do seu processo de ensino e aprendizagem, uma autonomia discente mediada pelo diálogo do conhecimento do professor com os conhecimentos prévios que esse aluno traz para o contexto da sala de aula. Logo, os professores são convidados a inserirem‑se nesse novo processo da cultura educacional onde as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) estão pontuadas como uma realidade para o processo de ensino e aprendizagem. Ou seja, uma educação que permita a partilha de ideias através do uso de ferramentas digitais colaborativas.

Estamos no limiar avançado da “sociedade mediática” (Thompson, 1998) e nessa mudança de paradigmas a educação surge com o desafio de ampliar o uso das TIC no sentido destas contribuírem para o processo de inclusão do aluno na realidade do mundo conectado. Uma realidade que necessita acima de tudo de atores alfabetizados e com capacidade mínima de interpretação da realidade que o cerca.

Neste entendimento, o nível de leitura crítica do indivíduo tem sido uma questão discutida em todos os países. Tomando por base o relatório do Programa Nacional de Avaliação de Estudantes – PISA (Brasil, 2015) que na edição de 2012 divulgada em 2013 acusa que muitos jovens de países desenvolvidos chegam aos 15 anos sem alcançarem o nível de literacia desejado.

Assim, ensinar a ler a palavra escrita com as competências necessárias de uso daquilo que apreendeu do que foi lido tornou‑se para a escola um desafio. Pois, a leitura do espaço escolar encontra‑se com a leitura de mundo (Freire, 2006) ultrapassando o muro das escolas e encontrando um mundo mediático, globalizado e informatizado. A leitura constitui‑se neste patamar em instrumento essencial para interação do homem com a “sociedade da informação”.

Entretanto, o processo de leitura não se restringe a um simples método de alfabetização e leitura. Esse processo deve ser estimulado de maneira a fazer com que o aluno perceba a necessidade de entender o que está escrito para além do texto. Uma das estratégias que pode fortalecer as práticas leitoras do aluno na escola é a utilização da literatura infantil e juvenil (Góes,1991; Abramovych, 1991), por se constituir numa literatura rica em texto e imagens. Esta ainda possibilita ao leitor um olhar diferenciado no que respeita às multiplicidades de interpretação de uma mesma história, contribuindo assim para o exercício da imaginação criadora necessário ao pensamento reflexivo e ao domínio da leitura.

Neste âmbito, poderemos integrar o recurso à literatura infantil no processo de leitura com as TIC disponibilizando o acesso da mesma através da construção de uma ferramenta colaborativa de entre as inúmeras possibilidades que existem na Web 2.0.

As TIC, a exemplo das comunidades virtuais ou dos correios eletrónicos, podem perfeitamente estar a favor do processo de ensino e aprendizagem. Por sua vez, os blogues educativos podem ser uma dessas ferramentas colaborativas na interação pedagógica entre professor e aluno (Bottentuit Júnior & Coutinho, 2008).”

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