Cláudia Mendes Silva & Maria Helena Ançã (CIDTFF) | In Pelos Mares da Língua Portuguesa 3, pp. 1119 – 1139
Excerto:
“É comum a associação da língua a um organismo vivo, diverso, instável, em desenvolvimento e constante interação com o meio. Deste modo, uma língua deve ser encarada como um sistema inacabado, que permite desconstrução e reconstrução permanentes e não como um resultado acabado, pertença exclusiva de um só.
Considerando esta “vitalidade” das línguas, é também natural e inevitável a assunção de que estas geram sucessivamente novas variedades, fecundadas pelo contacto e diálogo entre os povos que as falam e facilitadas pela passagem do tempo. Esta variação ocorrerá não só entre grupos sociais distintos, mas também poderá ocorrer no seio de um mesmo grupo. A língua é, pois, um organismo vivo que varia em função de fatores diversos como a região ou os próprios indivíduos. Ainda assim, haverá sempre a necessidade de uma norma que permita estabelecer a comunicação entre os diferentes falantes e facilitar a sua compreensão, não se pretendendo muito embora que tal norma estabeleça com as variedades qualquer tipo de hierarquia.”