Myrella Silveira Macedo Cançado,  Maria Alves Barbosa, Ellen Synthia Fernandes de Oliveira, Dayse Cristine Dantas Brito Neri de Souza (CIDTFF) & Marília Santos Rua (CIDTFF) | in Estudos Qualitativos: Enfoques Teóricos e Técnicas de coleta de Informações, pp. 151 – 165

Introdução:

“No Brasil, do século XIX a meados do século XX, as práticas de Educação sanitária pautavam-se na prevenção de epidemias de varíola, peste, febre amarela, tuberculose, dentre outras, nos grandes centros urbanos (REI et al., 2013).

A partir de 1920, a educação sanitária adquiriu mudanças significativas a medida que o Brasil passava pelo processo de redemocratização, devido ao fim do militarismo e a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde (FALKEN-BERG et al., 2014; REIS et al., 2013).

As conferências que se realizaram nos anos seguintes resultaram na criação, em 2004, da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) (BRASIL, 2004) a qual definiu diretrizes e estratégias implementadas em 2014 (BRASIL, 2014). Este documento define Educação Permanente em Saúde (EPS) como “Aprendizagem no trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho, baseando-se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar as práticas dos trabalhadores da saúde” (BRASIL, 2014, p.1).

Essas novas concepções repercutiram, atualmente, num modelo de Educação em Saúde pautado no planejamento e na continuidade das ações; e que, no âmbito das práticas de atenção à saúde, deve ser vivenciado e compartilhado por todos (aluno, trabalhador, segmentos organizados e consumidores de serviços de saúde) (BRASIL, 2014).

É nesse contexto da EPS, transformador e qualificador do acadêmico-trabalhador, que se insere o mestrado profissional, instituído, em 2009, no âmbito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) (BRASIL, 2009). O mestrado profissional é uma modalidade de formação pós-graduada stricto sensu, com o objetivo de capacitar trabalhadores para o exercício da prática profissional avançada, visando a atender as demandas socioeconômicas e culturais do País (BRASIL, 2009).

Em 2010, a Universidade Federal de Goiás (UFG) instituiu o Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Mestrado Profissional (PPGSC), priorizando, no processo seletivo, trabalhadores das redes de saúde municipal, estadual e federal com atuação no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2010). Este programa tem ênfase na gestão dos serviços de saúde, colaborando para o desenvolvimento técnico-científico do SUS (BRASIL, 2010).

É nessa perspectiva que o modelo de Educação em Saúde no Brasil, permeado pelos preceitos da EPS, fortalece a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) e enfatiza o espaço de trabalho como local privilegiado de aprendizado e de formação (FLORES; OLIVEIRA; ZOCHE, 2016). É reconhecido, todavia, o fato de que a formação acadêmica ainda precisa se alinhar a essas propostas de modelo educacional (FLORES; OLIVEIRA; ZOCHE, 2016).

Por fim, este estudo justifica-se ante a relevância de se debater a formação profissional com base nos novos paradigmas das práticas assistenciais da EPS, valorizando propostas metodológicas problematizadoras e promotoras de engajamento do aluno ante a realidade local e dos serviços de saúde (PINTO et al., 2013).

Este estudo possui como objetivo compreender a EPS na perspectiva de discentes do PPGSC da UFG. Orienta-se pelo seguinte questionamento: os discentes da disciplina de EPS do PPGSC da UFG compreendem o conceito de EPS?”

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