23 julho, 2020 | 10h15 | Videoconferência

Realizaram-se no dia 23 de julho, pelas 10h15, por videoconferência, as provas do Programa Doutoral, Ramo de Didática e Desenvolvimento Curricular, em Educação de Walkiria de Jesus França Martins, com o título “Pensar a Planificação Didática na Formação Contínua: por uma utópica competência de religare os saberes”.

Walkiria Martins teve a supervisão científica da investigadoras Nilza Costa (CIDTFF) e Iran de Maria Leitão Nunes (Universidade Federal do Maranhão).

O trabalho, muito elogiado por todos os membros do júri, foi aprovado. 

ver mais

– – – – –

Resumo:

Na medida em que os estudos sobre o papel da escola como eixo articulador dos outros setores se ampliaram desde o final do século XX, o debate sobre o desenvolvimento da profissionalidade docente e o perfil dos professores passa à centralidade das orientações políticas. Em consequência a promoção e elevação do número de projetos e programas de formação contínua em temáticas que atendam o saber e saber-fazer docente. Porém, a revisão da literatura indica que são parcos os estudos que incidem diretamente no planejamento e plano de aula, uma das justificativas se prende ao contexto histórico tecnicista no qual os seus fundamentos foram erigidos. Considera-se, assim, as dinâmicas que incidem no trabalho docente, sua natureza interativa e volvida por interpretações e significados próprios, e o fator de que os professores são convocados a acompanhar tais mudanças com o investimento formativo em temas que ajudem a (re)pensar e responder às necessidades emergentes que se projetam na sua prática pedagógica. Entende-se que esta tem particular relação com a natureza complexa da Planificação didática por incidir diretamente no processo de gestão, articulação e mediação teórico-prático do Currículo e da Didática por via do processo de ensino e de aprendizagem. O que implica pensar e investir na formação contínua, privilegiando o diálogo interpares entre os docentes e atividades que potencializam suas competências para planificar. Ancorada nestas premissas, partimos das questões que seguem: Que discursos teórico e prático caracterizam a planificação didática de docentes dos primeiros anos de escolaridade em São Luís? Em que medida o espaço formativo delineado contribuiu com a (re)significação da Planificação didática? A investigação envolveu docentes do 1º, 2º e 3º ano do Ensino Fundamental de escolas públicas de São Luís/MA e tem como objetivos: i) analisar os discursos sobre a Planificação didática e as implicações na sua prática pedagógica; e, ii) construir conhecimentos sobre competências em Planificação didática em ambiente formativo e colaborativo e com recurso as TDIC. A investigação é de natureza qualitativa e suportada no paradigma da Complexidade, dada as condições interativas, imprevisíveis e recursivas constitutivas do conhecimento e que desafiam o pensar Humano. Ela assume em seu desenvolvimento características de estudo de caso em suas duas fases interligadas: a primeira de estudo exploratório e a segunda de estudo intensivo, centrada na proposição do programa formativo. Recorreu-se a um conjunto de técnicas de recolha de dados específicos (questionário, entrevista, documentos, observação direta, diário de bordo) que foram submetidos a análise de conteúdo, nossa principal técnica de análise. Utilizou-se, ainda, os softwares webQDA e Mendeley para organizar e gerenciar dados e referências. Os resultados do estudo se apresentam no nível conceitual e formativo. Conceitualmente, constatamos a primazia (já relatada na literatura) do fator tempo, da ordenação dos conteúdos e a sobreposição pragmática do documento como condicionantes das planificações docentes. O que permitiu avançarmos com as proposições que tomam a Planificação didática como lócus de autoformação docente. O contributo no nível formativo, ainda que modesto, sugere a evocação de competências pelas professoras que exercitaram o pensar crítico sobre o que fazem. Assim, elas puderam atribuir novos significados de natureza mais autoral e interdisciplinar à sua prática de conceber, organizar e conduzir suas aulas. Assume-se que as competências de Planificação didática podem ser fomentadas dentro do modelo formativo proposto, ainda que em evolução, e quando alinhado ao pensamento complexo. Nas limitações apresentadas, os resultados no nível formativo apontam uma baixa interação entre as professoras participantes e sugerem razões que se prendem ao tempo diminuto que têm para desenvolver ações que estejam para além das atividades que já realizam no espaço escolar, bem como de uma cultura formativa de trabalho individualizado. Emergem como indicação para investigações futuras, por exemplo: desenvolvimento de softwares que auxiliem o processo de Planificação didática, estudos voltados à colaboração docente e formações docentes amparadas no pensamento complexo.