Amanda Franco (CIDTFF)

Resumo:

O Pensamento Crítico é uma competência transversal essencial para todos os indivíduos (enquanto estudantes, profissionais, cidadãos), sendo necessário um compromisso com a sua promoção, o que aliás vem sendo um dos motes das instituições de ensino superior ocidentais. Mas, na prática, que esforços concretos, mensuráveis e sustentáveis estão aquelas a encetar de modo a assegurar que o Pensamento Crítico dos estudantes está, efetivamente, a ser promovido deliberada, explícita e sistematicamente pelos professores, no quadro das suas unidades curriculares? Dada a sua relevância e face a tais questionamentos, o presente estudo pretende responder a duas perguntas de investigação: (i) Que práticas didático-pedagógicas são consideradas, pelas evidências da sua eficácia na literatura, mais favoráveis à promoção do Pensamento Crítico dos estudantes no ensino superior? (ii) Qual o impacte, percebido e avaliado, de um programa de formação para professores do ensino superior sobre Pensamento Crítico, no sentido de os sensibilizar para a promoção deliberada, explícita e sistemática do Pensamento Crítico dos seus estudantes, nas suas unidades curriculares? O estudo ancorou-se no paradigma sociocrítico, seguindo uma metodologia mista (mais expressiva na vertente qualitativa) e utilizando o método da investigação-ação, sendo que, para a recolha de dados, se recorreu às técnicas de inquérito (questionário e entrevista) e de testagem (teste PENCRISAL, de Rivas & Saiz, 2012). Um grupo de 15 professores da Universidade de Aveiro participou no programa, o qual foi positivamente apreciado em três eixos principais – aprendizagem, ambiente e capacitação –, tendo sido apresentadas sugestões de melhoria que são alvo de análise e discussão. No geral, segundo os professores, existe(m) espaço(s) para o Pensamento Crítico no ensino superior, embora urja a promoção efetiva do pensar criticamente em sala de aula. Para tal, é importante encarar e ultrapassar obstáculos, tal como a carência de formação didático-pedagógica dos professores e a reduzida valorização e reconhecimento institucional face ao investimento feito pelos professores na sua formação didático-pedagógica. Apenas com o desenvolvimento profissional dos professores mediante ações como a formação didáticopedagógica poderão aqueles transformar práticas (e demais dimensões da sua profissionalidade docente) e capacitar-se para promover competências transversais fulcrais como o Pensamento Crítico.

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Referência:
Franco, A. (2020). O pensamento crítico e a formação universitária: impactes no estudante e seu desempenho académico. Aveiro: Universidade de Aveiro. http://hdl.handle.net/10773/29876