11 outubro, 2021 | 14h30 | Videoconferência

Realizam-se no próximo dia 11 de outubro, pelas 14h30, por videoconferência, as provas do Programa Doutoral em Educação de Evelyn Michelini Fortes dos Santos, com o título “Potenciar a transição e a inclusão no Ensino Superior: a experiência de estudantes com NEE e seus familiares”.

Evelyn Santos é orientada pelas investigadoras do CIDTFF Dayse Cristine Dantas Brito Neri de Souza (Centro Universitário Adventista de São Paulo) e Paula Santos (Departamento de Educação e Psicologia, Universidade de Aveiro) e (coorientada) por Paula Emanuel Rocha Martins Vagos (Departamento de Educação e Psicologia, Universidade Portucalense).

acesso à sessão pública

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Resumo:

A presente investigação foi desenvolvida no âmbito do Programa Doutoral em Educação, no Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro e buscou retratar a problemática da inclusão, identificando experiências e contributos do envolvimento familiar neste processo. Cada vez mais o suporte para os familiares do estudante com Necessidades Educativas Especiais (NEE) e o que eles providenciam a este estudante é referido como essencial para a adaptação psicológica, social e académica no Ensino Superior. Porém, essa realidade não apresenta um continuum na investigação e nas práticas de inclusão no Ensino Superior.  Neste intuito, objetivou-se: (a) conhecer as vivências e perceções de estudantes com NEE, familiares, colaboradores de escolas e de IES sobre a transição e inclusão de estudantes com NEE no Ensino Superior; (b) Potenciar a qualidade da transição e inclusão no Ensino Superior. Centrados nestas premissas, optou-se pela construção de um estudo de natureza mista para nortear esta investigação, visando a complementaridade, buscando aprimoramento e esclarecimentos sobre os dados, a partir de uma perspetiva sistêmica.  Para isso, foram conduzidos dois estudos. O Estudo 1, de caracterização e ‘diagnóstico’ das perceções sobre a transição e inclusão no Ensino Superior, a partir das vivências dos sujeitos que compõem a tríade deste estudo: (i) estudantes com NEE (n = 17), (ii) familiares (n = 4) e (iii) colaboradores de instituições de ensino / escolas secundárias do distrito de Aveiro (n = 20), e Instituições de Ensino Superior portuguesas (n = 85). Desta forma, foi possível verificar amplamente as experiências, possibilidades, desafios e expetativas retratadas pelos diferentes grupos.  Os dados foram recolhidos por meio de entrevistas semiestruturadas individuais, inquéritos online e analisados com apoio do software de análise qualitativa, webQDA. O Estudo 2, alicerçado no Estudo 1, consolidou o desenvolvimento, implementação e avaliação de um Programa de Intervenção Psicossocioeducativo (PIP) para familiares de estudantes com NEE a frequentar o Ensino Secundário, elaborando e apresentando estratégias de intervenção psicológica, social e educativa. Assim, este programa pretendeu potenciar o papel dos familiares no apoio à transição e inclusão de estudantes com NEE no Ensino Superior, e contou com a participação de três famílias, numa estrutura de cinco sessões presenciais de curta duração.  A avaliação da intervenção foi realizada antes e depois do PIP. A recolha de dados se deu através de três questionários de autorrelato englobando as dimensões do estudo (componente psicológica, social e educativa), que foram analisados com o apoio do pacote estatístico SPSS. De maneira a conhecer as impressões dos participantes sobre a frequência neste programa de intervenção, os mesmos foram convidados a responder um inquérito de satisfação com o programa. As perspetivas dos familiares sobre a participação no programa de intervenção, evidenciaram que eles consideraram o PIP muito satisfatório, reforçando a sua utilidade, pertinência e relevância dos conteúdos abordados. Numa vertente qualitativa, referiram que os aspetos mais úteis foram as partilhas de experiências / entreajuda e as informações / novos conhecimentos; declararam ainda que o PIP potenciou mudanças.  Os resultados demonstraram um aumento das perceções de bem-estar psicológico dos pais, das provisões e suporte social e da componente educativa nos grupos dos filhos e dos pais. No entanto, na comparação de medidas estatísticas globais dos dados do pré ao pós PIP, maioritariamente não foram encontradas diferenças significativas entre os valores obtidos antes e depois do programa de intervenção, num intervalo de confiança de 95%. Para além dos contributos do Estudo 2  já referidos, os resultados desta investigação permitiram a consolidação teórica e empírica de alguns aspetos e suportes recomendados para potenciar a transição e a inclusão de estudantes com NEE no Ensino Superior, sendo eles: políticas educativas (políticas educativas nacionais e políticas ou regimentos internos nas IES), acessibilidades (culturais / atitudinais, físicas/estruturais, académicas /curriculares, digitais / materiais ), recursos humanos capacitados (profissionais especializados, intérpretes e oferta de formação contínua), apoio dos pares (tutoria entre pares; suporte dos amigos; apoio dos colegas), informação prévia (aos professores sobre o estudante e as suas NEE, aos estudantes sobre os suportes e recursos da IES, aos familiares, consoante as necessidades); suporte familiar  (suporte dos familiares ao estudantes e à IES, consoante a necessidade, e suportes aos familiares), valorização do estudante e do seu contexto (reforço das potencialidades do estudante com NEE, conhecimento sobre o seu contexto e informação sobre as suas necessidades).

Palavras-chave: Inclusão; estudantes com Necessidades Educativas Especiais; transição para o Ensino Superior; suporte familiar; intervenção psicossocioeducativa.