24 de maio, 14h30 | Auditório no Departamento de Ciências Sociais Políticas e do Território da Universidade de Aveiro, 12.2.1
No passado dia 24 de maio, pelas 14h30, realizaram-se, no Auditório no Departamento de Ciências Sociais Políticas e do Território da Universidade de Aveiro (12.2.1), as provas do Programa Doutoral em Psicologia (3º Ciclo), de Mónica José Abreu Sousa, com o título “Queixas subjetivas de memória e défice cognitivo ligeiro na deteção precoce da doença de Alzheimer. Educação para a prevenção”.
Mónica Abreu Sousa teve como orientadores Anabela Pereira, investigadora do CIDTFF, e Rui Costa da ESSUA.
Resumo:
A prevalência e incidência da demência torna-a num problema complexo a nível epidemiológico, mas a evidência científica para o seu diagnóstico é ainda difícil. Neste âmbito, enquanto fator de risco para o desenvolvimento das demências, as queixas subjetivas de memória (QSM) têm merecido particular destaque. Vários investigadores dedicam-se a desvendar as razões que norteiam a sua manifestação e as suas repercussões no envelhecimento cerebral normal, no défice cognitivo ligeiro (DCL) e na demência, como a Doença de Alzheimer (DA). Esta investigação tem como objetivo identificar e caracterizar as QSM para melhor interceder na educação, na prevenção e no progresso da intervenção no campo da demência. Para alcançar este objetivo, desenvolvemos dois estudos teóricos e quatro estudos empíricos independentes, porém sequenciais e complementares. Nos primeiros estudos (artigo I-II), efetuámos uma revisão do estado da arte, abordando a complexidade do processo de envelhecimento e sistematizando as principais tendências atuais ao nível do estudo das QSM. Emerge desses estudos a escassez de um instrumento de rastreio cognitivo, em Portugal, que seja simultaneamente sensível e específico às QSM, ao DCL e à DA. Por esta razão, procedemos a um estudo (artigo III) da adaptação transcultural do Memory Alteration Test (M@T), numa amostra de 330 participantes (221 com DCL, 81 com QSM e 28 no grupo de controle) com idades compreendidas entre os 55 e os 96 anos de idade (M = 68.38, SD = 8.68; 22.7% do sexo masculino). Nos estudos seguintes (artigos IV e V), participaram 620 pessoas com idade superior aos 54 anos de idade (M = 74.04, SD = 10.41; 72.4% do sexo feminino), sendo que 78.9% apresentavam QSM. Nestes estudos, aplicámos um Questionário Sociodemográfico e Clínico por nós construído, assim como, o Mini Mental State Examination (MMSE), o Montreal Cognitive Assessment (MoCA), a Escala de Queixas de Memória (EQM), a Escala de Depressão Geriátrica (GDS) e o Inventário de Ansiedade Geriátrica (GAI). No último estudo (artigo VI), acrescentámos a Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-Bref) e realizámos um estudo longitudinal (18 meses) com uma amostra de 19 participantes, com idades entre os 55 e os 81 anos e uma média de idades de 69.89 anos, 84.2% eram sexo feminino e 100% apresentavam QSM no segundo momento avaliativo. À luz dos resultados obtidos, assinala-se os contributos teóricos e empíricos decorrentes. Os resultados revelaram que a adaptação do M@T para população portuguesa possui boas propriedades psicométricas, sendo necessários estudos de carácter confirmatório. Mostraram também que as QSM, o estado emocional e a variabilidade individual devem ser tidas em consideração no processo de diagnóstico e de intervenção. São ainda apresentadas as implicações das QSM para a prática e para a investigação futura. Estes diferentes estudos, que se interligam e se complementam, permitiram refletir as QSM e debater a possibilidade de se efetivar uma iniciativa que promova a educação para a prevenção e o envelhecimento ativo e saudável.