
Decorreu no passado dia 24 de novembro de 2023, na Casa da Esquina, em Coimbra, uma sessão do Grupo InvestigAção facilitada pela investigadora do CIDTFF Rosa Madeira, responsável pelo convite de Geert Van Hove.
Esta sessão constitui-se como um espaço de confluência de projetos, pessoas e ideias em torno da inclusão social, educação, arte e animação cultural e economias solidárias, que contou também com a presença de Pedro Hespanha, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sociólogo e membro fundador do CES, para os comentários finais.
Geert Van Hove é Professor e Investigador (recentemente reformado) da Universidade de Gent, Bélgica. O seu percurso tem incidido sobre o tema da Diferença e da Inclusão, como direito humano e como desafio à normatividade, e os seus efeitos na estigmatização e exclusão de diversos grupos, com atenção especial (mas não exclusivamente) as pessoas com deficiência ou doença mental.
Foi desafiado por Pais deste grupo social a rever as prioridades da agenda de investigação e de formação, o que o leva a procurar ativamente artistas e outros atores da Cidade que forçam as barreiras, alargam as fronteiras que circunscrevem a convivência e a expressão das subjetividades e da diversidade de formas de ser e de tornar-se membro da Cidade e comunidades.
O investigador, de passagem por Portugal, veio discutir a mudança de paradigmas e a cultura da inclusão, propondo o diálogo entre artes e investigação como um ambiente propício ao combate da discriminação e exclusão social, que exige a denúncia da negação de Direitos Humanos inalienáveis e o empoderamento dos mais vulneráveis a estas situações.
Foram ainda foco da sessão as crianças que vivem e crescem no Bairro dos Ervideiros, em Esgueira, e que através do Projeto Bairros Saudáveis “Levantar a pedra para construir Pontes”, coordenado pela investigadora Rosa Madeira, contrariam a pobreza, marginalização e a invisibilidade.
O projeto, que foi um dos destaques da edição de junho de 2023 (entre as páginas 46 e 49) da revista “Linhas” da Universidade de Aveiro (UA), nasceu no âmbito do programa governamental Bairros Saudáveis e, juntando várias entidades e associações de Aveiro – entre elas a UA – criou condições de reconhecimento, de auto-organização e ampliação das redes de apoio social e de recursos das crianças, adolescentes, jovens e mulheres dessa comunidade.
Enquanto atores sociais, são “investigadores-participantes” na superação de problemas a nível sanitário, socioeconómico e socioambiental do bairro, que se agravaram com a pandemia, ajudando à inclusão e reconhecimento dos Ervideiros como um bairro que faz parte da cidade.
Ana Traqueia, investigadora do CIDTFF e doutoranda da Universidade de Aveiro, também esteve presente na sessão, apresentando-se ao grupo como professora que trabalhou, durante muitos anos numa escola artística.
Como investigadora, procura formas de mobilizar estas outras linguagens para incluir a voz de estudantes do Ensino Profissional no espaço público, permeado de preconceitos que limitam a liberdade de escolha dos jovens que optam e dos que não optam por esta via de formação, por razões que merecem a atenção de outros setores de intervenção social.



