Frederico de Freitas (1902-1980) foi das figuras mais mediáticas na área da música portuguesa durante o séc. XX. Para além de compositor, era também chefe de orquestra, musicólogo e pedagogo, articulista e crítico musical. No seu percurso profissional destacam-se vários cargos tais como: fundador da Sociedade Coral de Lisboa, professor no Centro de Estudos Gregorianos de Lisboa, crítico musical no jornal “Novidades”, diretor musical na Companhia de Bailados “Verde-Gaio”, maestro na Orquestra de Câmara e Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional e Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto e sócio fundador (mais tarde Presidente da Assembleia Geral) da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses.
Como artista multifacetado abordou praticamente todos os géneros musicais desde a música religiosa e de ópera, ao teatro ligeiro e música de filmes, da música de Câmara concertante à canção para canto e piano. Do seu trabalho destacam-se “As Sete Palavras de Nossa Senhora”, “A Severa”, “Quinteto de Sopros”, “D. João e as Sombras”, “O Livro de Maria Frederica” entre muitos outros.
Frederico de Freitas viu o seu trabalho ser reconhecido com o Prémio Nacional de Composição (Carlos Seixas) em 1926 e o Prémio Domingos Bontempo em 1935.
Por todo este contributo à sociedade portuguesa e o seu grande mérito, o espólio do compositor Frederico de Freitas foi doado à Universidade de Aveiro (UA) em 2010 pela Dra. Elvira de Freitas (filha do compositor) e representa uma grande oportunidade para o desenvolvimento e investigação da área da música pelos docentes e investigadores da UA, assim como para investigadores e especialistas externos a esta universidade.
A importância deste património levou a Fundação Calouste Gulbenkian a conceder um financiamento à Universidade de Aveiro para o desenvolvimento de um projeto que incluiu a organização, tratamento técnico, cuidados de preservação e disponibilização deste espólio ao público.
O espólio é composto por:
› Partituras de Frederico de Freitas e de outros compositores (entre os quais Berta Alves de Sousa), entre editadas e não editadas;
› Correspondência recebida e expedida de caráter pessoal e profissional (cartas, postais de correio, postais ilustrados);
› Transcrições de campo de música popular portuguesa;
› Recortes de imprensa nacional e estrangeira;
› Fotografias;
› Revistas e jornais nacionais e estrangeiros (com artigos sobre o compositor e a sua música, artigos escritos pelo compositor e, de salientar, alguns artigos escritos pela própria esposa do compositor, Consuelo Varona);
› Programas de eventos musicais (sob a direção de Frederico de Freitas, outros apenas com as suas músicas);
› Notas pessoais e textos manuscritos (planos de organização de concertos, rascunhos de correspondência profissional).
É de salientar que o espólio tem sido muito consultado, quer por utilizadores internos como externos à Universidade de Aveiro (total de 25 utilizadores) com maior destaque aos alunos e professores do Departamento de Comunicação e Arte (DeCA-UA), cujos estudos e projetos são muito frequentes, entre os quais a apresentação na conferência internacional Europe of Nations, Universidade de Aveiro, 2011, com a publicação em ata do artigo “Eclecticism and portugalidade in the works of voice and piano of Frederico de Freitas“, pela Prof. Doutora Helena Marinho.