O Centro de Competênicas TIC da Universidade de Aveiro (ccTICua) está a implementar, este ano letivo, o projeto de programação para jovens – Gen10s. O decorrer do Gen10s no ccTICua é, neste momento, alvo de menção especial, por só no ccTIC da Universidade de Aveiro estar a funcionar, no contexto nacional dos 10 centros de competência existentes.
Este projeto que se encontra no seu 4º ano de funcionamento, promove competências ao nível do pensamento computacional, resolução de problemas e trabalho colaborativo, entre outros, sendo também motivador da inclusão e é desenvolvido com alunos dos 5º e 6º anos de escolaridade.
Recorda-se que este projeto tem as suas origens em 2015, quando a Google.org se aliou à associação espanhola, Ayuda en Acción, para o desenvolvimento do projeto Gen10s, o qual pretende ensinar programação a crianças, promovendo a igualdade de oportunidades na área digital, reduzindo, assim, barreiras socioeconómicas e de género. Dados os bons resultados obtidos em Espanha e no projeto piloto desenvolvido com escolas da zona de Setúbal, a Google.org desafiou a SIC Esperança a implementar o projeto em Portugal, com o intuito de garantir às nossas crianças o acesso às mesmas oportunidades, assegurando que todas as conquistas são baseadas no esforço e mérito, e nunca condicionadas pelo género ou pela situação socioeconómica do agregado familiar. Por conseguinte, há 4 anos que o Gen10s acontece em Portugal sob organização do ccTIC ESE IPS.
O projeto envolve, este ano, um menor número de crianças, sendo, contudo, 3 os agrupamentos de escolas participantes. Estão envolvidas 18 turmas, 45 professores e 360 alunos. Quanto ao apoio dado pelo projeto, o mesmo é garantido por 12 formadores – denominados como Professores Scratch.
Com efeito, o projeto, que já no ano anterior teve algumas sessões exclusivamente online e de forma autónoma, isto é, sem o apoio dos professores Scratch, tem, este ano, decorrido de forma completamente fora dos padrões comuns. Começou por acontecer exclusivamente online, durante algumas semanas, não sem constrangimentos, já que os formadores opinaram que o ritmo de aprendizagem dos alunos se torna mais lento. Salientaram, no entanto, que, não havia problemas de material, ou seja, todos os alunos estavam conectados e, como aspeto positivo, destacaram nalguns casos, que a capacidade de organização dos alunos em ambiente a distância é notável bem como a forma ordeira como pedem apoio ou a palavra, sem quaisquer atropelos. Os formadores salientaram igualmente que, por vezes era maior a angústia demonstrada pelos professores das turmas do que pelos alunos.
Quanto às estratégias que os formadores utilizaram para dar maior e melhor apoio aos alunos e respetivos professores, estas consistiram, de uma forma geral, na divisão dos alunos em dois grandes grupos, por vezes grupos de níveis diferentes, utilizando uma sala virtual destinada a cada grupo. Uma outra estratégia consistiu na divisão dos alunos por várias salas virtuais, fomentando através do trabalho de grupo a colaboração e entreajuda entre pares, pelas quais os professores Scratch se iam movimentado para um apoio mais individualizado.
Nesta fase, em que os alunos mais novos voltaram ao ensino presencial, os problemas materiais nas escolas revelaram-se incompatíveis com o apoio a distância (falta de computadores com câmaras, bons projetores e/ou estabilidade de rede para os alunos, nas salas, se juntarem remotamente aos seus formadores Scratch).
Assim, embora no início tivesse sido previsto que o projeto se desenvolveria exclusivamente a distância, optou-se por uma modalidade mista. Os alunos encontram-se nas escolas com os professores em ambiente de sala de aula e os formadores, Professores Scratch, dão apoio tanto presencialmente como a distância, consoante a sua disponibilidade e os seus horários, acontecendo, frequentemente, haver um professor Scratch na aula e outro a dar apoio remotamente. O fim do projeto aproxima-se e poder-se-ão analisar os efeitos da pandemia e do apoio a distância nos resultados dos trabalhos dos alunos.
Com efeito, em dois dos agrupamentos envolvidos, este não é o primeiro ano de funcionamento do projeto, pelo que será possível aferir, comparativamente, os resultados e identificar constrangimentos e potencialidades no desenvolvimento do projeto na modalidade a distância, num contexto real e com uma amostra diversificada, ou seja, com alunos provenientes de diferentes contextos sócio-económicos e com perfis de aprendizagem distintos.