12 – 13 novembro, 2021 | evento híbrido

A investigadora do CIDTFF, Raquel Ramos apresentou uma comunicação oral intitulada: “A voz e participação ativa da criança: que lugar na Educação atual e que implicações na vida futura?”, no Seminário internacional “CRIANÇA – Um futuro Sustentável das Nações“, que assumiu um formato híbrido e decorreu entre os dias 12 e 13 de Novembro de 2021.

Este Seminário foi organizado pela cooperativa social designada “+ Criança”, que tem desenvolvido nos últimos anos diversos seminários e debates sobre os Direitos, a Cidadania e o Superior Interesse da Criança.

ver programa | ver mais

Resumo da comunicação:

Apresentação Fundamentada do Tema

A presente comunicação parte de um dos princípios consagrados na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, designadamente o seu direito à Participação no contexto político, sociocultural e educativo em que se insere, para refletir sobre o papel da criança no jardim-de infância, o papel do educador e as práticas pedagógicas, como dimensões que podem favorecer ou comprometer a liberdade de expressão, opinião e pensamento da criança, clara e explicitamente expressos nos Artigos 12 e 13 (Unicef, 2019).

As investigações atuais têm alertado para a perpetuação de práticas educativas assentes numa pedagogia transmissiva e em atividades estruturadas e dirigidas pelo adulto, focadas no desenvolvimento de competências académicas e desarticuladas com os interesses, opiniões e necessidades da criança, comprometendo, consequentemente, a sua tomada de iniciativa, livre escolha, autonomia, criatividade e pensamento crítico. Nesse sentido, torna-se imperativo (re)conceptualizar a imagem da criança como ser competente para expressar a sua opinião, tomar decisões, resolver problemas, experimentar e explorar, criando-lhe oportunidades de ação e aprendizagem significativas, que lhe permitam alcançar altos níveis de bem-estar emocional e envolvimento e desenvolver competências cognitivas, socioemocionais e motoras.

Portanto, é urgente criar experiências educativas de qualidade, assentes em práticas pedagógicas ativas e participativas, que valorizem a voz da criança e o brincar livre. É urgente desconstruir a assunção de que a criança aprende quieta, sentada, calada, memorizando e reproduzindo, condição esta que se tem agravado no período de confinamento atual. O mundo precisa de infâncias felizes e futuros cidadãos confiantes, críticos e participativos, urgentemente.

Contribuições para a reflexão

Será que a forma como está organizado o sistema educativo, assente na avaliação de resultados e na competição, tem implicações no modo como a infância é vivida, confinando a criança a espaços fechados, condicionando-a a ser livre…para pensar, para se movimentar, para escolher, para aprender por tentativa erro e para gerir o seu tempo?

Que crianças vamos ter no futuro? Futuro este cada vez mais imprevisível, para vir a resolver problemas e a enfrentar desafios, com resiliência, confiança e ética. E a Natureza? Longe da vista, longe do coração…será que se está a comprometer a consciência ambiental e a sustentabilidade do planeta?