O “Colóquio sobre Literatura Infantil Subversiva” terá lugar no Anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no dia 21 de maio de 2025, e conta com a participação, como convidadas, das investigadoras CIDTFF Ana Margarida Ramos e Mónica Lourenço.
Ana Margarida Ramos (CIDTFF, DLC, UA) dinamizará a apresentação “Temas fraturantes na edição independente portuguesa para a infância e a juventude: uma breve panorâmica das tendências atuais“:
Pretende-se, com este estudo, refletir sobre os movimentos de emergência, desenvolvimento e consolidação de temas fraturantes, apresentando uma tipologia da sua evolução no universo editorial e literário para a infância e a juventude, a partir da análise de exemplos concretos de obras publicadas em Portugal nas últimas décadas. Enquadrado por uma contextualização do conceito de “temas fraturantes”, evidenciando a sua abrangência e variação (cronológica, social e cultural), o estudo identifica as áreas temáticas mais desafiadoras na atualidade no contexto português, dando conta do processo de integração dos temas fraturantes na literatura para a infância e juventude. Centrando-se mais particularmente na questão da representação da diversidade da identidade de género, a análise que suporta este estudo procura mapear as várias fases da sua evolução, identificando obras, nacionais e traduzidas, chancelas e respetivos projetos editoriais, além de autores que têm vindo a contribuir para a valorização literária do tema no subsistema literário infantojuvenil.
fonte: resumos
Mónica Lourenço (CIDTFF, FLUC) apresentará a comunicação “Formação para a cidadania global: oportunidades, desafios e o papel da literatura infantil“:
O carácter multicultural e interdependente do mundo atual e os desafios que se colocam à escala global exigem professores que sejam agentes de mudança, comprometidos com a construção de escolas e sociedades mais inclusivas, justas e sustentáveis. No entanto, como demonstrado pela investigação (Lütge et al., 2023; Schugurensky & Wolhuter, 2020), os professores sentem-se inseguros quanto às abordagens mais adequadas para tratar questões globais, evitando abordá-las em sala de aula devido à sua natureza sensível. Nesta comunicação apresentam-se os resultados de um estudo de caso qualitativo que visou compreender como os professores de inglês em formação inicial introduzem questões de cidadania global no 1.º ciclo do ensino básico. Que temas abordam? Que estratégias utilizam? Que objetivos de aprendizagem definem? Que oportunidades encontram e que desafios enfrentam? Os dados foram recolhidos a partir de relatórios de mestrado que incluem atividades de sala de aula e reflexões individuais. Os resultados apontam para a integração preferencial de temas relacionados com a diversidade e a sustentabilidade através de abordagens plurilingues e interculturais e com recurso a álbuns ilustrados, com o objetivo de desenvolver atitudes e comportamentos de respeito pelo Outro e pelo meio ambiente. Apesar da percebida abertura dos programas de língua inglesa à integração de questões globais, os professores destacam que a sua preparação para a abordagem de temas potencialmente controversos com crianças é diminuta, defendendo a necessidade de formação mais adequada. Com base nestes resultados, apontam-se, nesta comunicação, caminhos possíveis para uma formação para a cidadania global que capacite os professores para o tratamento de temas complexos, com um enfoque na reflexão crítica e no envolvimento ativo na comunidade. Em particular, destaca-se o potencial de abordagens artísticas (Whitelaw, 2019) e da aprendizagem em serviço (Porto, 2021) para consciencializar os professores dos seus preconceitos e estereótipos, bem como das dimensões ética e política da profissão docente.
fonte: resumos
Este evento, que também poderá ser seguido online, pretende reunir especialistas em várias áreas para discutir o papel de obras de literatura infantil que manifestam preocupações sociais e ambientais na formação de adultos críticos e interventivos.
Muitas dessas obras abordam temas complexos e, como tal, são frequentemente apelidadas de polémicas ou subversivas. Estas foram desenhadas para desmantelar preconceitos, destruir dogmas e instigar a mudança, encorajando os seus leitores a questionar o que é apresentado como comumente aceite e a exigir um mundo melhor. No presente colóquio, algumas dessas obras serão analisadas. A importância do ensino de literatura subversiva será também enfatizada.
Inscrições abertas e obrigatórias em: https://forms.gle/qZ8dGPU2WBeXBWgh9