29 abril, 2022 | 11h00 | Evento híbrido (sala 5.3.27, DEP, UA & Zoom)

No próximo dia 29 de abril, pelas 11h00, o investigador Carlos Silva de Castro dinamizará o seminário temático do LabELing intitulado “Etnografia a partir de narrativas: por uma ecologia de saberes no ensino de línguas”.

O evento é gratuito e aberto, mas os interessados deverão fazer a sua inscrição por email para parranca.silva@ua.pt.

Terá lugar, em formato presencial, no auditório 5.3.27 do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro, e formato online, por zoom, através do link: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/2804198833

Resumo da sessão:

Para este seminário, trago a lógica etnográfica enquanto epistemologia, algo que vai além de uma metodologia, pois refere-se a uma forma de se entender o mundo e o conhecimento nele construído, de se produzir sentidos por meios do estudo dos contextos históricos e espaciais dos sujeitos, a partir de uma leitura de culturas que sobressaem em narrativas produzidas em disciplinas de ensino de língua, especificamente do português como língua materna. Cultura, aqui, trata-se de um conceito teórico referente à leitura que se faz dos significados das práticas do outro que, por seu turno, difere de leitor para leitor e, então, é plural e dependente do leitor e dos contextos nos quais tal leitura se dá (AGAR, 2006). Trata-se de um conceito utilizado na etnografia que, por sua vez, refere-se à leitura de culturas (GREEN et al., 2005). As narrativas em leitura foram produzidas por autoras e autores estudantes da Licenciatura em Educação do Campo (LEC), habilitação Linguagens e Códigos, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). O pensamento narrativo, em oposição ao paradigmático, tem raízes mais profundas no pensamento cotidiano, uma vez que contar histórias sobre eventos passados é uma “atividade humana universal” e “a forma principal pela qual a experiência humana se torna significativa”. Além disso, a narrativa está em vantagem quando o meio social e suas realidades fazem diferença, (BARKHUIZEN, BENSON & CHIK, 2014). Histórias são contadas por sujeitos situados e, assim, trazem todas as vozes que lhes auxiliam a construir sentidos históricos-sociais-culturais, o que nos aproxima da ideia de a língua como a portadora da(s) cultura(s), ou híbrida à(s) cultura(s). Dessa forma, a autoria se torna centro de nossas preocupações. Em se tratando de ensino de língua, e entendendo língua como atividade sociointerativa situada, que considera os fenômenos cognitivos e sociais que envolvem os processos de construção de sentido, de raciocínio, de interação, o pensamento crítico deve ser uma preocupação, como advoga a Linguística Aplicada Crítica. Assim, ouvir as vozes da escola, sobre uso de línguas nos contextos dos autores, em gêneros escritos e multimodais, por meio de narrativas, traz conhecimentos das práticas ali presentes e promove uma ecologia de saberes (SANTOS, 2010) que reconhece a diversidade e a horizontalidade de conhecimentos, em oposição a práticas com ensino de língua centradas apenas na forma. No entanto, além das reflexões sobre contextos e culturas e a promoção de uma ecologia de saberes, a produção das narrativas foram atividades importantes de leitura e escrita para os acadêmicos, pois representaram práticas sociais efetivas na medida que foram parte de debates públicos quando publicadas, individualmente, em site e redes sociais; e, conjuntamente, em livro e em congresso acadêmico.

– – – –

Carlos Henrique Silva de Castro, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), encontra-se em estágio de pós-doutoramento na Universidade de Aveiro desde 1 de setembro de 2021, sob supervisão da investigadora do CIDTFF, Helena Araújo e Sá.

O seu projeto, intitulado “Design Instrucional para contextos periféricos: comunidades dialógicas e formação de professores”, explora o tema do design instrucional para educação a distância, comunidades dialógicas e formação de professores.